SÃO PAULO (Reuters) - O Santander (BVMF:SANB11) divulgou nesta sexta-feira a atualização de seu cenário macroeconômico, no qual passou a projetar uma inflação acima do teto da meta perseguida pelo Banco Central ao fim de 2024 e um patamar mais alto para a taxa Selic no encerramento do próximo ano.
Pelos cálculos do banco, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) terminará 2024 com uma alta de 4,8%, ante projeção anterior de 4,4%. Em 2025, o índice deve registrar avanço de 4,3%, segundo o balanço, de 3,9% anteriormente.
A meta de inflação perseguida pelo Banco Central é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
"Para 2024, desde a última revisão, subimos alimentação no domicílio e serviços, que foram parcialmente compensados pelos administrados. A alta em alimentos se deve a proteína, em que, desde início de setembro, o preço do boi subiu quase 40%", afirmou a economista-chefe do Santander, Ana Paula Vescovi, e equipe no documento.
O banco também vê a taxa básica de juros em um patamar mais alto no fim do próximo ano do que o projetado anteriormente. Agora, o cenário prevê que a Selic chegará a 12,00% no encerramento de 2025, de 10,50% na estimativa anterior.
De acordo com o balanço, o atual ciclo de aperto monetário do BC deve levar a taxa a 13,00% em seu pico, com uma sequência de altas de 50 pontos-base até março e um ajuste final de 25 pontos na reunião de maio.
"Na escolha sobre o ritmo do ajuste, a desancoragem das expectativas contrastaria com o 'gradualismo' sugerido pelos juros reais já elevados, pela desaceleração em gestação e o questionado equilíbrio fiscal, mas em revisão", apontou o banco.
O Banco Central iniciou o atual ciclo de aperto monetário em setembro, com uma alta de 25 pontos-base nos juros, em resposta à desancoragem das expectativas de inflação e a uma atividade econômica superaquecida. Neste mês, a autarquia elevou a taxa em mais 50 pontos, para 11,25%.
Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), o Santander manteve a projeção para este ano de um avanço de 3,0%. Em 2025, por outro lado, o cenário aponta agora uma expansão de 1,8%, ante 1,5% na projeção anterior, em mudança influenciada por um "crescimento mais forte da agropecuária".
(Por Fernando Cardoso)