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PIB dos EUA: Com projeção de alta no 4T22, recessão deve assombrar 2023

Publicado 24.01.2023, 15:55
© Reuters.
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Por Jessica Bahia Melo

Investing.com - A economia americana deve crescer 2,6% no quarto trimestre de 2022, considerando a taxa anual ajustada, segundo projeções consensuais de analistas compiladas pelo Investing.com para o indicador preliminar, que será divulgado na quinta-feira, 26, pelo Bureau of Economic Analysis. Enquanto as perspectivas trimestrais são otimistas, as expectativas para este ano não são tão animadoras.

No terceiro trimestre de 2022, o Produto Interno Bruto (PIB) subiu 3,2%. No segundo, recuou 0,6% e, no primeiro, apresentou queda de 1,6%, conforme os dados revisados. Ainda que dois trimestres consecutivos configurem “recessão técnica”, o consenso dos economistas era de que a economia americana não tivesse atingido, de fato, uma recessão, devido a outros dados econômicos que apontavam para o aquecimento, como o mercado de trabalho.

Jason Vieira, colunista do Investing.com e economista chefe da Infinity Asset, que projeta 2,4% no quarto trimestre, espera que o crescimento seja impulsionado pelo setor de consumo. “Observamos um conceito de que há um mercado de trabalho aquecido, ainda que os últimos PMIs não estejam na mesma linha, estejam ruins”. Vieira espera um crescimento anual em torno de 2%, o que não considera ruim para um país desenvolvido. No entanto, os ventos contrários devem permear a economia americana em 2023, observa.

Concorda com esta visão Francisco Nobre, economista da XP (BVMF:XPBR31). Segundo ele, os indicadores mostram desaceleração nos setores imobiliário, manufatura e serviços. Os números do PMI da S&P Global entre julho e dezembro se mostraram mais desafiadores, com a economia americana à beira de uma recessão. “Os efeitos vão começar a ser sentidos em 2023. Achamos que a economia está revertendo para contração a partir do primeiro trimestre, refletindo a política monetária”, pondera Nobre.

A XP espera um PIB de 2% no quarto trimestre e de 1,8% no ano de 2022. Para 2023, a perspectiva cai para 0,6%, refletindo a queda de investimentos e da confiança do consumidor e do empresário.

Na visão de Celso Pereira, diretor de investimentos da Nomad, o PIB deve apresentar alta de 2,6% , mas pode ficar entre a faixa de 2,4% e 2,8%. Se essa projeção de fato ocorrer, a tendência é de que os mercados reajam bem, na opinião de Pereira. “Acho que há uma tendência de subida se o PIB vier como se imagina. Acho que seria uma concretização do que o mercado espera como um cenário positivo, inflação caindo, emprego robusto e economia em alta”, acredita.

Política Monetária em foco

A profundidade e duração de uma possível recessão dos Estados Unidos vai depender dos próximos passos Banco Central americano, o Federal Reserve (Fed). Assim como no Brasil, a autoridade monetária dos EUA passou a subir os juros em busca do controle inflacionário, mas ainda não há perspectiva de queda.

No caso americano, ainda que a inflação tenha apresentado uma trégua, está longe da meta de 2%, o que reforça o pensamento de que o Fed deve elevar as fed funds novamente, conforme indicado. A postura da maior parte dos dirigentes tem sido de ancorar as expectativas reforçando que será feito o que for necessário para trazer o indicador de volta à meta, em divergência às falas de que a inflação seria transitória, antes que explodisse, atingindo o pico de 40 anos. Mais hawkish é a visão de James Bullard, presidente do Federal Reserve de Saint Louis, que defendeu uma elevação de 0,5 ponto em fevereiro, para que o Fed atingisse 5% o mais rápido possível.

O mercado de trabalho, com criação forte de postos e desemprego em queda, continua a pressionar a situação do Fed. A taxa de juros americana está na faixa entre 4,25% e 4,5% ao ano. A expectativa de consenso é de que haja uma alta para a faixa entre 4,50% e 4,75%, segundo avaliação de 59,6% dos analistas prevista no Monitor da Taxa de Juros do Federal Reserve, do Investing.com. No entanto, 40,4% dos analistas esperam que a taxa-alvo fique mantida.

A próxima decisão de política monetária do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) sobre a taxa de juro de curto prazo deve ocorrer em 1º de fevereiro, após reunião de dois dias.

A Infinity espera uma desaceleração do ritmo de aperto monetário do Fed, aumentando os juros em 0,25 ponto percentual. “O problema é que ainda não há sinalização do Fed do fim do ciclo. Alguns membros estão preocupados com os sinais dados pelo mercado de trabalho e o mercado começa a refletir isso na curva de juros”.

A XP também concorda com o consenso para a reunião de fevereiro, quando as altas devem ser pausadas, na avaliação de Nobre. Com os sinais que a inflação está arrefecendo, o Fed poderia manter os juros altos, sem novas mudanças depois, pois as condições financeiras já estariam bastante contracionistas.

“A questão é quando o Fed vai encontrar espaço para poder cortar os juros. Se estender [os juros elevados] até 2024, a recessão pode ser mais forte, embora não seja o nosso cenário base. Entendemos que o Fed deve encontrar espaço para cortar as fed funds no final deste ano em 0,5 a 0,75 ponto percentual. Inflação já estará próxima da meta de 2% no primeiro semestre deste ano, pois o processo de desinflação deve ser bastante agressivo”, conclui o especialista da XP.

Na visão da Nomad, que também projeta um aumento da mesma magnitude que o consenso, os próximos passos devem ficar mais claros com a divulgação dos dados da inflação medida pelo PCE, que são foco de atenção do Fed antes das decisões de política monetária.

“Único ponto de cuidado é que o mercado está muito mais otimista do que as declarações que o Banco Central vem dando. Nas transcrições dos discursos dos membros do Comitê de Política Monetária americano, eles são muito conservadores”, alerta Pereira. “É momento para os investidores considerarem tomar risco? Eu diria que não”, completa.

Como as decisões de política monetária afetam países emergentes? Confira no vídeo do Investing.com Brasil abaixo ou siga o nosso canal no Youtube.

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