Investing.com – Após o anúncio de elevação nas taxas de juros americanas em 0,25 ponto percentual (25 pontos-base), analistas avaliam que a decisão de hoje pode ser resumida como uma subida e uma provável pausa no ciclo de aperto monetário. No entanto, o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) deixou a porta aberta, caso os dados indiquem que novas elevações sejam necessárias, o que foi reforçado pelo presidente da instituição, Jerome Powell, em coletiva de imprensa na sequência da divulgação do comunicado.
Powell destacou a importância de estabilidade dos preços, apontou que as condições de crédito estão mais apertadas desde o ano passado e disse que as decisões seguintes dependerão da leitura de novos indicadores econômicos. “Levará algum tempo para os efeitos da restrição monetária, especialmente na inflação”, disse o chairman do Fed, que apontou ainda que a extensão dos efeitos no sistema bancário americano segue incerta. O Fed vem enfrentando um dilema diante de um mercado de trabalho ainda aquecido, preços pressionados e crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mais modesto, com temores de uma possível recessão.
Com a definição do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed), as fed funds passaram de 4,75%-5,00% para 5-5,25%. A decisão veio em linha com o projetado por 87,8% dos investidores que estimavam a elevação nessa magnitude, de acordo com a ferramenta Monitor da Taxa de Juros do Federal Reserve do Investing.com.
Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, afirma que o comunicado suprimiu os sinais de mais elevações, reforçando o entendimento sobre a interrupção do ciclo de aperto monetário.
Para Débora Nogueira, economista-chefe da Tenax Capital, o Fed terminou o ajuste da taxa de juros em 5,25%. “A atividade tem apresentado sinais de moderação e, com o aperto de crédito se espalhando pela economia, o enfraquecimento deve ganhar força no segundo semestre. Espaço para flexibilização está distante pelo nível elevado da inflação em um ambiente de mercado de trabalho apertado”, comenta Nogueira.
Gustavo Zuquim, portfolio manager do Andbank US, acredita que o FOMC permanece com uma cartada que poderia ser mais um aumento de 0,25 ponto percentual, uma vez que não descartou a possibilidade.
“Devemos ter a taxa mantida por pelo menos até o fim do ano. Ressalto que o cenário não é de pivot. A inflação está arrefecendo, mas talvez não tanto quanto muitos esperavam. O mercado de trabalho está acalmando e ainda há pressões desinflacionárias no pipeline, como moradia. A nota do FOMC reconhece, em suma, a resiliência da economia e do mercado de trabalho. Em comparação ao último encontro, o tom é menos sobre crescimento e mais de resiliência”, pondera.
Raone Costa, economista-chefe da Alphatree Capital, concorda que o comunicado deixa a porta aberta para a continuidade do processo de aperto monetário na próxima decisão. “O FOMC tira a menção que o Comitê antecipa que as próximas decisões seriam de alta. Isso não apareceu mais. No entanto, o Comitê ainda mantém uma linguagem que possibilita a continuidade do aumento dos juros se os dados vierem piores do que o esperado”.
Como os juros globais mais altos afetam os países emergentes? Confira no vídeo abaixo e siga o canal no Youtube do Investing.com Brasil: