Por Ana Beatriz Bartolo e Jessica Bahia Melo
Investing.com - Em terceiro mês de deflação, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo () apresentou uma queda de -0,29% em setembro, levemente acima da previsão de queda de -0,34%, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta manhã, 11. O resultado também é maior aos -0,36% prévios.
O acumulou alta de 7,17%, um pouco acima da expectativa do mercado de 7,10%, mas bem abaixo dos 8,73% apresentados anteriormente.
Segundo o divulgado nesta semana, a expectativa é que o IPCA encerre 2022 a 5,71%, acima tanto da meta de 3,5% como do teto de 5%.
Segmentos
De acordo com o IBGE, dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, quatro apresentaram queda no mês. Novamente, o grupo dos Transportes (-1,98%) contribuiu com o resultado, desta vez em -0,41 ponto percentual (p.p.). Também tiveram deflação Comunicação (-2,08%) e Alimentação e bebidas (-0,51%). O efeito de ambos foi de -0,11 p.p. Já grupo Artigos de residência, que apresentou alta de 0,42% em agosto, caiu 0,13% em setembro.
Por outro lado, Vestuário (1,77%) apresentou a maior variação positiva do mês, seguido de Despesas pessoais (0,95%), que teve a maior contribuição positiva (0,10 p.p.). Segundo o instituto, outros grupos estiveram entre o 0,12% de Educação e o 0,60% de Habitação.
A terceira deflação consecutiva do IPCA mensal, com uma queda de 0,29% em setembro, ainda foi muito impactada pela redução dos custos de transportes, respondendo à queda no preço dos combustíveis; e comunicação, impactados pela redução no custo dos planos de telefonia fixa e móvel, segundo Lana Santos, economista e sócia da Acqua Vero Investimentos. "A redução no custo de transportes também corrobora para a deflação dos alimentos. Além disso, a chegada da primavera traz também o fim do período de entressafra agrícola, que aliada à melhoria das condições climáticas com o aumento das chuvas, deve aumentar a disponibilidade no mercado de alguns itens como o leite longa vida, um dos principais detratores do custo dos alimentos nos meses anteriores. Apesar da deflação do índice, ainda que em menor proporção do que a calculada nos meses anteriores, impactar positivamente o orçamento das famílias, ainda observamos uma forte pressão inflacionária no setor de serviços", detalha.
Para Santos, com a redução gradual do desemprego no país, aliado a uma redução da inflação, há um aumento de renda disponível para as famílias, o que gera um aumento de demanda por vestuário, habitação e despesas pessoais. "Dessa forma, apesar de a inflação estar arrefecendo como um todo, ainda existe uma pressão inflacionária que justifica a manutenção das taxas de juros no nível atual. Sobre os investimentos, a redução da inflação é positiva para setores mais sensíveis a esse índice, como varejo e consumo de bens discricionários, muito prejudicados durante a pandemia e o período de inflação crescente no país", completa.
Luiz Carlos Corrêa, sócio da Nexgen Capital, avalia que em relação aos setores, o indicador possibilita uma "leitura positiva no que tange à produção industrial, observando uma queda nos custos de produção e de alguns materiais, o que favorece as indústrias de forma geral". Para Corrêa, apesar de a redução ter sido um pouco menor que a projetada, a divulgação não deve fazer tanto peso no mercado nem na perspectiva sobre atuação da autoridade monetária.