Por Scott Kanowsky
Investing.com – A inflação na zona do euro atingiu uma nova máxima recorde em setembro, devido, em particular, à disparada dos custos com energia, de acordo com dados da Eurostat.
A leitura preliminar ano a ano do atual índice de preços ao consumidor do bloco para o mês foi de 10%, uma alta em relação a 9,1% em agosto e acima das estimativas dos economistas de 9,7%.
Em bases mensais, a alta foi de 1,2%, contra 0,6% em agosto. Os analistas estavam esperando um aumento de 0,9%.
Os preços de energia saltaram 40,8%, contra 38,6% no mês anterior, ressaltando o impacto que o corte do abastecimento de gás por parte da Rússia está tendo na zona do euro. Os custos de alimentos, produtos industriais não energéticos e serviços subiram de forma geral, segundo a Eurostat.
A Alemanha, que está correndo para se ver livre do gás russo, liderou o incremento da inflação. Os preços ao consumidor do país atingiram dois dígitos pela primeira vez em mais de 70 anos, fazendo com que alguns economistas projetassem que a maior economiza da Europa pode recuar até 7,9% em 2023.
Berlim respondeu a essa alta dos preços anunciando um plano de 200 bilhões de euros, a fim de reduzir os preços do gás e da eletricidade, com o ministro de finanças, Christian Lindner, afirmando que a Alemanha estava envolvida em uma "guerra de energia” com a Rússia.
Os preços também subiram na Itália, embora na França e na Espanha, segunda e quarta maiores economias da Europa, respectivamente, registraram uma inflação menor.
Analistas da Oxford Economics disseram que os números de sexta-feira podem abrir espaço para elevações mais veementes de juros por parte do Banco Central Europeu, provavelmente com um encarecimento de 75 pontos-base no crédito.
Nesta semana, membros do BCE reforçaram seu compromisso de debelar a inflação, com destaque para a presidente Christine Lagarde, que classificou a estabilidade dos preços como “principal objetivo” da instituição.
Ela disse ainda que seu “primeiro destino” é alcançar a chamada “taxa neutra”, que não incentiva nem obstrui o crescimento econômico. Autoridades do BCE previram que essa taxa estaria entre 1% e 2% na zona do euro.
A instituição, sediada em Frankfurt, elevou as taxas de juros em 125 pontos-base nas últimas duas reuniões no total, maior ritmo de aperto em sua história. Sua taxa referencial de depósito, que estabelece um piso para as taxas no mercado financeiro, agora é de 0,75%, ao passo que a taxa de refinanciamento é de 1,25% e a de empréstimo overnight é de 1,50%.