Por Harry Robertson
LONDRES (Reuters) - O crescimento da zona do euro pode ser mais fraco do que se pensava e novas barreiras ao comércio global podem levar a um ciclo vicioso de guerra comercial com consequências terríveis para a economia, disse o vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos, nesta quarta-feira.
A economia da zona do euro praticamente não cresceu no ano passado e o retorno de Donald Trump à Casa Branca como presidente dos Estados Unidos provavelmente será uma má notícia para o bloco, já que ele prometeu tarifas mais altas durante sua campanha, afirmando que a Europa pagará um "preço alto".
"Tarifas, barreiras comerciais e protecionismo serão prejudiciais para a economia global", disse De Guindos em uma conferência em Londres. "Espero que as decisões tomadas não dêem origem a nenhum tipo de guerra comercial."
A economia aberta da Europa depende muito do comércio exterior para crescer, e uma profunda recessão industrial, principalmente devido aos altos custos de energia e à fraca demanda chinesa, manteve seu crescimento enfraquecido.
"Se você impõe uma tarifa, deve ter em mente que a outra parte vai reagir e retaliar, e isso pode dar origem a um ciclo vicioso em termos de inflação e tarifas, o que pode ser o pior resultado possível", disse ele.
Alguns temores de crescimento foram aliviados por dados surpreendentemente fortes do terceiro trimestre na semana passada, mas De Guindos disse que isso se deveu principalmente a impactos positivos pontuais, como os Jogos Olímpicos realizados em Paris, e que o quadro geral continua sombrio.
Ele disse que essas leituras fracas de crescimento teriam um impacto significativo sobre as perspectivas de inflação, que também foram afetadas pelas taxas de juros do BCE, que ainda são altas o suficiente para restringir o crescimento econômico.
De Guindos disse que a desinflação está no caminho certo, repetindo a diretriz padrão do banco, mas não chegou a prometer novos cortes nos juros, acrescentando que os dados que chegarem determinarão o próximo passo do BCE e que não há nenhum compromisso prévio.