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Fed: Decisão de juros é aguardada após inflação de agosto descalibrar expectativas

Publicado 16.09.2022, 16:30
© Reuters

Por Jessica Bahia Melo

Investing.com – A semana da tão aguardada reunião de setembro do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed) chegou. Entre terça e quarta-feira, os membros votantes do colegiado vão decidir a magnitude do novo aumento da taxa de juros dos EUA, atualmente no intervalo entre 2,25% e 2,5% após a alta de 75 pontos-base em decisão unânime na reunião de julho.

A expectativa para 85% do mercado é de nova alta de 0,75 ponto percentual nas taxas do fed funds, com um Federal Reserve (Fed) pressionado pelas últimas leituras dos indicadores de inflação nos EUA. Até a divulgação de novos dados dos níveis de preço na semana passada, ainda havia precificação de uma elevação de meio ponto percentual.

CONFIRA: Monitor da Taxa de juros do Federal Reserve

No entanto, os analistas aumentaram as projeções sobre o quanto a autoridade monetária americana poderia ser mais agressiva ainda neste ano na luta contra a inflação, inclusive com parcela de 15% do mercado projetando uma alta em 100 pontos-base. A falta de calibragem nas expectativas causou perdas substanciais nos mercados acionários a nível global semana passada.

O Banco Central americano vem agindo com maior sensibilidade aos novos indicadores, de acordo com Julia Braga, professora de economia da Universidade Federal Fluminense (UFF). “O BC está tendo uma atuação bastante discricionária, abandonando uma regra antiga de política monetária. Isso, por si só, já traz um elemento de mais incerteza a respeito da atuação”, avalia Braga.

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Inflação até cede, mas não o suficiente para o Fed não elevar os juros

O cenário de ‘inflação transitória’ e ‘pouso suave’ previsto pelo Fed já não existe mais – o indicador inflacionário chegou em 2022 ao maior nível nos últimos 40 anos. Apesar da desaceleração, ainda falta muito para vencer essa batalha.

A inflação de agosto nos EUA teve um recuo, mas menor do que o esperado, pressionando a decisão do Fed para aumentar os juros novamente ao final deste mês. Em agosto, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) na base anual chegou a 8,3%, um pouco acima dos 8,1% previstos, mas abaixo dos 8,5% anteriores.

A inflação cheia medida pelo IPC atingiu 0,1%, acima da deflação esperada de -0,1% e superior aos 0,0% revisados do mês anterior. Ainda, o núcleo da inflação, que exclui preços voláteis, como commodities e alimentos, veio acima do esperado, em alta de 0,6%, maior do que os 0,3% esperados e aos 0,3% revisados de julho. Em doze meses, o núcleo do IPC ficou em 6,3%, também um pouco acima dos 6,1% previstos e do resultado prévio revisado de 5,9%.

José Francisco Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, aponta que os dados foram fortemente afetados pela queda do preço do petróleo, mas indicaram alta dos preços dos serviços, mesmo com a exclusão dos serviços de energia. De acordo com a Julius Bär, a diminuição no indicador cheio ocorreu devido à queda significativa nos preços da energia, enquanto os preços dos alimentos aumentaram menos do que no mês anterior. No entanto, a inflação de serviços permaneceu elevada, impulsionada por um aumento mais forte do que o esperado na inflação de aluguéis.

“Embora o aumento dos preços das casas acabe reduzindo a inflação dos aluguéis, ele ainda não se concretizou em agosto”, diz a nota do banco suíço. A Julius Bär acredita em uma elevação de 0,75 bps. David Kohl, economista-chefe da gestora de recursos, considera que a queda da inflação no indicador cheio, juntamente com a leitura do núcleo da inflação acima do esperado, é insuficiente para reduzir a pressão sobre o Fed neste momento. “Esperamos que o Fed diminua o ritmo de alta apenas em sua próxima reunião em novembro”, afirma Kohl.

O Citi segue na mesma linha e prevê um aumento de 75 bps nos juros em setembro e 50 bps em novembro e dezembro. Sobre uma possível alta de 1 ponto percentual, Andrew Hollenhorst, economista-chefe do Citi para os EUA, diz ser “pouco provável”. O economista espera que a mensagem do chairman do Fed, Jerome Powell, na coletiva de imprensa após o anúncio, deve ser rígida.

Para Rodrigo Leite, professor de Finanças e Controle Gerencial do COPPEAD/UFRJ, ainda há incerteza sobre a magnitude do indicador. “O centro da expectativa é de 0,75 ponto percentual, mas o aumento pode ser de 0,5 ponto ou até 1 ponto se o Fed decidir ter uma atuação mais forte no combate à inflação. A expectativa anterior era 0,50 bps, mas com a inflação em patamar alto, essa expectativa aumentou”. De acordo com o professor, a continuidade da guerra na Ucrânia, elevando os custos de energia, problemas nas cadeias logísticas devido à covid-19, em setores como indústria automobilística e a anterior expansão monetária com pagamento de estímulos são fatores que tornaram a inflação americana problemática neste ano.

Com juros mais altos, aumenta o temor de uma recessão. A economia americana passa por dois trimestres seguidos de diminuição no indicador do Produto Interno Bruto (PIB). Nicole Kretzmann, economista-chefe da Upon Global Capital, pondera que, apesar de “sinais incipientes de desaceleração da atividade, o mercado de trabalho dos EUA segue bastante apertado”. Para a economista, o Fed deve realizar altas de juros mais fortes e manter a taxa em patamar contracionista por mais tempo.

A expectativa é de alta de 0,75 ponto percentual na próxima reunião, seguida por mais duas altas de 0,50 ponto nas últimas decisões desse ano. “Acreditamos que haverá um ajuste residual de 0,25 ponto no ano que vem e sinalização que o Fed Funds Rate se manterá em 4,50% por pelo menos mais um ano, até que os efeitos do aperto monetário afetem a economia real e a inflação retorne à meta”, completa.

A meta de inflação é de uma média de 2% em um horizonte de longo prazo do Fomc. Ou seja, não está preso a um ano-calendário como no Brasil.

Impacto nos emergentes

O cenário de aumento nos juros não é pontual nos Estados Unidos. O Banco Central Europeu também precisou adotar uma política monetária contracionista visando frear a alta nos preços. Com taxas de juros mais elevadas em países desenvolvidos, os emergentes são afetados – principalmente no câmbio. “O grande problema para países emergentes é o dólar. Quando aumenta a taxa de juros, aumenta a demanda para o dólar. Frente ao real, faz com que ele se desvalorize, o que torna mais essencial ter uma balança comercial positiva”, destaca Leite.

Repetir a dose em 0,75 ponto percentual é considerado um aumento “bastante significativo”, conforme apontou Braga. Ao subir os juros nos Estados Unidos, o Federal Reserve impacta também as outras economias. “Uma elevação nos juros tende a promover uma realocação de portfólio por parte dos investidores, retirando e reduzindo a participação de ativos de mais riscos e aumentando a participação e nas treasuries americanas, consideradas os ativos com menor risco da economia internacional”. Outros ativos financeiros, atrelados a índices de commodities, também são impactados, conclui a professora.

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Como os juros globais mais altos afetam os países emergentes? Confira no vídeo abaixo:

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