Por Kanishka Singh
(Reuters) - A Fitch Ratings disse à Reuters nesta terça-feira que melhoras na avaliação de risco de crédito de qualquer importante economia são improváveis em 2021, apesar dos recentes desenvolvimentos relacionados à vacinação contra a Covid-19. A agência afirmou ainda que os países da América Latina, Oriente Médio e África mostram o nível mais alto de vulnerabilidade a novas ações negativas no próximo ano.
"Temos apenas dois ratings soberanos (Costa do Marfim e Nova Zelândia) com Perspectiva Positiva, então melhoras em qualquer grande economia atualmente parecem improváveis em 2021", disse Tony Stringer, diretor de operações da área de Global Sovereigns and Supranationals da Fitch, em resposta enviada por email às perguntas feitas pela Reuters.
"As duas regiões que já viram o maior número de rebaixamentos de classificação (América Latina e Oriente Médio & África) exibem o nível mais alto de vulnerabilidade a novas ações negativas, com nove e 12 Perspectivas Negativas, respectivamente", disse Stringer.
Países duramente atingidos pelo coronavírus irão enxergar o máximo impulso econômico diante de uma vacina eficaz que será lançada rapidamente no primeiro semestre do ano que vem, disse à Reuters Brian Coulton, economista-chefe da Fitch.
"Todos os países desenvolvidos irão se beneficiar claramente (de uma vacina), mas Reino Unido, Espanha, França e Itália estão entre os mais atingidos no primeiro semestre de 2020, e o Reino Unido e a UE (União Europeia) fizeram grandes encomendas antecipadas das vacinas da Pfizer, Moderna e Oxford-AstraZeneca", disse.
Coulton também disse que o início de 2021 será fraco na Europa e nos Estados Unidos, em razão das restrições recentemente intensificadas, e que os benefícios mais claros em números de crescimento anual serão observados em 2022.
O economista-chefe da Fitch disse que a agência de classificação espera uma aplicação mais lenta da vacina nos mercados emergentes, já que a logística de colocar em prática programas de imunização em massa pode ser mais desafiadora, enquanto os pedidos por vacinas têm sido mais modestos.
As declarações ocorrem em meio ao aumento de casos globais de coronavírus, com infecções pela Covid-19 nos EUA estando no pico, com uma média diária de 193.863 novos casos registrados na semana passada, de acordo com uma contagem da Reuters.
"Há também alguns sinais de que a economia dos EUA está começando a ser afetada pelo aumento recente de casos e por renovadas restrições, embora os lockdowns até agora tenham sido muito menos agressivos lá, ajudando a explicar sua retração relativamente menor em 2020", disse Coulton à Reuters.
Reguladores dos EUA ficaram mais perto de aprovar a vacina contra a Covid-19 produzida pela Pfizer nesta terça-feira, 8 de dezembro, data na qual uma mulher do Reino Unido de 90 anos tornou-se a primeira pessoa fora da fase de testes a receber uma dose, oferecendo esperança de desacelerar uma pandemia que levou a capacidade dos hospitais ao limite.
Mais cedo nesta terça-feira, a Fitch informou que as incertezas sobre a disseminação do coronavírus, bem como suas implicações econômicas imediatas e de longo prazo, continuarão a exercer pressão sobre as finanças públicas globais em 2021.
A recuperação do Produto Interno Bruto (PIB) global irá se fortalecer a partir de meados de 2021, com a distribuição das vacinas parecendo agora iminente, disse a agência.
Na semana passada, a Moody's disse à Reuters que a maioria dos ratings soberados enfrenta um "choque negativo significativo" com a pandemia, enquanto a S&P Global disse em outubro que algumas das principais economias do mundo poderiam ver seus ratings reduzidos ou colocados sob alerta de rebaixamento nos próximos meses.