Calendário Econômico: Payroll e PIB do Brasil são destaques com discursos do Fed

O Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre do Brasil será o destaque da agenda econômica interna na semana entre 1º e 7 de dezembro. A primeira semana do último mês do ano deve ser movimentada em Brasília, com a chegada ao Congresso de novos Projetos de Lei (PLs) e Propostas de Emenda à Constituição (PEC) das medidas estruturais de contenção de gastos fiscais anunciadas na última semana pela equipe econômica.

No exterior, os destaques são os dados do mercado de trabalho e discursos das autoridades do Federal Reserve Fed nos EUA, com destaque para a fala do presidente da autoridade monetária americana, Jerome Powell. Além disso, o PIB da zona do euro do terceiro trimestre também é destaque, junto com as divulgações dos índices de gerentes de compras (PMIs, na sigla em inglês) de novembro de diversos países e da balança comercial dos EUA, de países da Europa e da China.

Os indicadores econômicos relevantes da semana

A agenda econômica começa no domingo (1) à noite, com a divulgação dos PMIs da China e do Japão. Na madrugada de segunda-feira (2), será a vez dos PMIs da França e da Alemanha, que estão em território de contração. As duas maiores economias da zona do euro estão em situações difíceis, a França com incertezas fiscais em meio à instabilidade política, o que impede a aprovação do orçamento do país do ano que vem, o que está impactando negativamente o preço dos títulos públicos franceses no mercado. Já a Alemanha enfrenta o risco de recessão em meio ao fechamento de milhares de empregos em grandes empresas industriais do país.

A segunda-feira ainda reserva o tradicional Boletim Focus no Brasil e os PMIs Industriais da Zona do Euro, do Reino Unido, do Brasil e dos EUA, assim como a taxa de desemprego na zona do euro e discursos de Waller e de Williams, ambos do Fed. No dia seguinte, a França volta ao centro das atenções com a divulgação de dados fiscais. Nos EUA, começa a bateria de dados do mercado de trabalho com o número de ofertas de empregos JOLTS de outubro e Goolsbee, do Fed, faz o seu discurso.

A grande estrela da terça-feira é o anúncio do PIB do Brasil do terceiro trimestre. O IBGE divulga o nível da atividade econômica do país entre julho e setembro às 09h00.

A terça-feira à noite e a quarta de madrugada são reservadas à divulgação dos PMIs do setor de serviços e composto na Europa. Durante a manhã de quarta, o índice de preços ao produtor da zona do euro de outubro, a produção industrial de outubro do Brasil e os PMIs do Brasil e dos EUA serão divulgados. À tarde, o Livro Bege do Fed vai revelar a temperatura da economia dos EUA e o presidente do Fed vai fazer o seu discurso.

A quinta-feira é reservada para a balança comercial de outubro dos EUA e de novembro do Brasil, além dos tradicionais dados semanais por pedidos por seguro-desemprego nos EUA. Na sexta-feira, será a vez do PIB do terceiro trimestre da zona do euro e os dados do mercado de trabalho dos EUA, entre os quais a taxa de desemprego e o relatório do payroll. Os investidores ficarão atentos à revisão do número de outubro, que apresentou inicialmente um número de criação de empregos baixo devido a questões climáticas no período nos EUA, e se haverá algum impacto no número de novembro.

A semana se encerra no sábado. A China divulga os dados do comércio exterior e suas reservas internacionais durante a madrugada.

O que esperar da política monetária do Brasil?

O mercado não reagiu bem ao anúncio do pacote fiscal do governo. As projeções da equipe econômica são de uma economia de R$ 70 bilhões em 2025 e em 2026. No entanto, as estimativas do mercado estão longe dessa cifra, variando entre R$ 40 bilhões e R$ 50 bilhões, o que pode levar o setor público a não cumprir a meta fiscal de 2025 e de 2026, o que estressou os mercados e desabou o preço dos ativos brasileiros.

O equívoco do governo federal em anunciar a proposta de isenção do Imposto de Renda (IR) às pessoas que recebem até R$ 5 mil com as medidas estruturantes de gastos adicionou uma incerteza maior à trajetória de endividamento público brasileiro nos próximos anos. Mesmo com a promessa de criação de um imposto para quem recebe uma renda mensal acima de R$ 50 mil, os investidores demonstraram dúvida se essa compensação será aprovada pelo Congresso.

Em linhas gerais, a proposta não apresenta uma política fiscal sustentável e crível, uma exigência do Banco Central do Brasil para uma melhor condução da política monetária. Como se viu na última semana, as incertezas fiscais acabam contaminando negativamente o preço dos ativos brasileiros, como alerta o Comitê de Política Monetária (Copom) em seus comunicados e atas da reunião.

A cotação do dólar é um dos preços financeiros atingidos por essa incerteza. A moeda americana chegou a ser negociada acima de R$ 6,00, o que eleva o risco de acelerar a inflação na economia brasileira.

Não haverá alternativa ao Comitê de Política Monetária (Copom) de acelerar o aperto monetário na reunião de dezembro, provavelmente uma alta da taxa Selic em 75 pontos-base, elevando a taxa básica de juros de 11,25% para 12%. Há expectativas de alta de 100 pontos-base, para 12,25%, na reunião de dezembro.

O resultado do PIB do terceiro trimestre deve ajudar na precificação do mercado na magnitude do aperto monetário na última reunião do Copom em 2024. A expectativa é de uma desaceleração do crescimento econômico entre julho e setembro em comparação com o trimestre anterior. No segundo trimestre, o PIB expandiu 1,4% em relação aos três primeiros meses do ano.

Mesmo com a desaceleração, se o resultado vier acima da mediana das projeções do mercado, as apostas de alta de 100 pontos-base na Selic devem crescer. Se vier abaixo do consenso, pode haver uma tendência de apostas de avanço de 75 pontos-base na taxa Selic.

As falas de Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária e presidente do Banco Central a partir de janeiro, vão nessa direção. Em dois eventos diferentes na última semana, Galípolo enfatizou que atividade econômica e mercado de trabalho melhores do que o projetado inicialmente vão exigir uma política monetária mais restritiva.

Isso pode ser interpretado, apesar do mercado ter desconfiança da gestão de Galípolo ser mais leniente com a inflação para atender a demanda por taxa de juros mais baixas do governo, de que Galípolo deve manter o tom hawkish do Copom nesse apagar de luzes da gestão de Roberto Campos Neto, talvez até aumentar a velocidade de alta em 2025. Dessa forma, não será surpresa que o atual ciclo de alta da Selic termine por volta de 14%, com a última subida no meio do ano que vem.

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Fonte e elaboração: br.investing.com