BRASÍLIA (Reuters) - O Brasil teve um déficit em transações correntes de 5,162 bilhões de dólares em julho, com o resultado negativo acumulado em 12 meses totalizando o equivalente a 1,56% do Produto Interno Bruto, informou o Banco Central nesta segunda-feira. O saldo deficitário do mês foi maior que o esperado pelo mercado, com expectativa em pesquisa da Reuters com especialistas apontando para um saldo negativo de 4 bilhões de dólares. Os investimentos diretos no país alcançaram 7,258 bilhões de dólares em julho, acima dos 6 bilhões de dólares projetados na pesquisa.
No mês, a conta de renda primária apresentou saldo negativo de 7,829 bilhões de dólares, ante déficit de 8,224 bilhões de dólares no mesmo período do ano anterior.
As despesas líquidas de lucros e dividendos, associadas aos investimentos diretos e em carteira, totalizaram 3,507 bilhões de dólares, redução de 21,4% ante julho de 2023. As despesas líquidas com juros somaram 4,374 bilhões de dólares, 15,6% a mais do que no mesmo mês do ano passado.
Já a balança comercial teve superávit de 7,070 bilhões de dólares, contra 7,586 bilhões de dólares no mesmo mês de 2023. De acordo com o BC, as exportações de bens somaram 31,161 bilhões de dólares, alta de 9,3% na comparação interanual, enquanto as importações de bens aumentaram 15,2%, totalizando 24,092 bilhões de dólares.
O rombo na conta de serviços ficou em 4,751 bilhões de dólares, contra déficit de 3,160 bilhões de dólares em julho do ano anterior.
A partir dos dados de junho o BC passou a não considerar mais as compras de ativos em criptomoedas como uma importação que afeta a balança comercial, reduzindo o déficit em conta corrente, revisão que segue o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Desde 2019, ativos em criptomoedas vinham sendo tratados como bens. A vertiginosa importação desses ativos pelos brasileiros vinha resultando num superávit comercial menor pelo critério do BC.
Agora os criptoativos serão acrescentados na linha de conta de capital do balanço de pagamentos, que registra transações envolvendo a compra e venda de ativos não financeiros e não produzidos e transferências de capital.
(Por Bernardo Caram)