Por Leika Kihara
TÓQUIO (Reuters) - Espera-se que o Banco do Japão mantenha sua política monetária estável na próxima semana, mas sinalize que novos aumentos nos juros estão por vir e destaque o progresso que a economia está fazendo para sustentar a inflação em torno da meta de 2%.
Uma série recente de comentários de autoridades tem mostrado que o banco central japonês está cada vez mais convencido de que o aumento dos salários está apoiando o consumo e estimulando as empresas a elevar os preços dos serviços, o que atende ao pré-requisito para mais altas nos juros.
"Estou preocupado que o risco de aumento da inflação possa estar aumentando", disse Naoki Tamura, membro "hawkish" (favorável a juros mais altos) da diretoria na quinta-feira, pedindo que a taxa de juros de curto prazo seja elevada para pelo menos 1% já na segunda metade do próximo ano fiscal.
Mas o Banco do Japão parece não ter pressa em agir, com outros membros enfatizando sua preferência por se movimentar com cuidado devido à volatilidade dos mercados. A recente alta do iene também está aliviando um pouco a pressão sobre os custos de importação.
"Os mercados permanecem instáveis", disse a membro do conselho Junko Nakagawa na quarta-feira, acrescentando que o banco central deve examinar como os movimentos do mercado podem afetar suas perspectivas econômicas ao definir a política monetária.
Em uma reunião de dois dias, que termina em 20 de setembro, espera-se que o Banco do Japão deixe os juros de curto prazo estáveis em 0,25% e que mantenha sua visão de que a economia continuará se recuperando moderadamente, já que o aumento dos salários sustenta o consumo.
A maioria dos economistas entrevistados pela Reuters espera que o Banco do Japão aumente os juros novamente este ano, com mais de 75% deles apostando em um aumento em dezembro. Nenhum deles na pesquisa projetou uma alta da taxa na próxima semana.
Os mercados estão se concentrando em saber se o presidente do banco central japonês, Kazuo Ueda, fornecerá mais sinais em sua coletiva de imprensa após a reunião sobre quando a instituição poderá elevar os juros novamente.
O Banco do Japão abandonou os juros negativos em março e elevou a taxa de curto prazo para 0,25% em julho, considerando que a inflação está a caminho de atingir sua meta de 2% nos próximos anos.
É provável que os mercados e o calendário político afetem o momento do próximo aumento de juros. O partido governista do Japão escolherá um novo líder em 27 de setembro, que poderá convocar novas eleições para o final de outubro ou em meados de novembro, segundo os analistas.
Assim, o Banco do Japão pode preferir evitar chamar atenção política indesejada aumentando os juros na época da eleição, o que pode tornar improvável uma mudança pelo menos até dezembro.
"Tendo aumentado os juros em julho, o Banco do Japão pode passar um tempo analisando os acontecimentos", disse uma fonte familiarizada com o pensamento do banco, opinião que foi compartilhada por outra fonte.