FRANKFURT (Reuters) - O Banco Central Europeu deve continuar cortando as taxas de juros gradualmente, disse seu economista-chefe nesta segunda-feira, mas autoridades do banco expressaram opiniões diferentes sobre como sinalizar sua intenção dada a incerteza econômica.
O BCE cortou os juros na quinta-feira pela segunda vez este ano, mas forneceu pouca ou nenhuma orientação sobre novos movimentos, mesmo quando algumas autoridades argumentaram, em particular, que voltar para outro corte em apenas cinco semanas era muito cedo.
Os mercados agora veem apenas 25% de chance de uma mudança em 17 de outubro, mas a precificação pode mudar após a decisão de política monetária do Federal Reserve nesta semana.
"Uma abordagem gradual para reduzir a restrição será apropriada se os dados estiverem em linha com a projeção básica", disse o economista-chefe do BCE, Philip Lane, em um discurso. "Devemos manter as opções sobre a velocidade do ajuste."
Ele disse que o BCE pode precisar acelerar os cortes se a economia vacilar ou a desinflação acelerar, mas o banco teria que desacelerar em caso de surpresas na direção oposta.
Peter Kazimir, chefe do banco central da Eslováquia, no entanto, está disposto a fechar a porta em outubro, argumentando que cortes rápidos são arriscados e que o BCE precisa de mais dados concretos que provem que a inflação irá de fato voltar à meta até o final de 2025.
"É quase certo que precisaremos esperar até dezembro para termos um quadro mais claro antes de darmos nosso próximo passo", disse Kazimir, em um post.
"Eu precisaria de uma mudança significativa, um sinal poderoso, com relação às perspectivas para considerar a possibilidade de defender outro corte em outubro", disse Kazimir.
A questão principal é que o crescimento dos salários continua rápido e isso está pressionando os preços dos serviços, um setor em que a remuneração dos trabalhadores é a maior variável dos custos gerais.
Assim como Lane, de Guindos defendeu a manutenção de todas as opções abertas em relação às taxas de juros.
Os membros do BCE também apontaram para a volatilidade da inflação, que pode representar um obstáculo para a comunicação.
O aumento dos preços sofrerá uma forte desaceleração em setembro, possivelmente para a meta ou até mesmo abaixo, mas voltará a acelerar no final do ano.
Isso pode fazer parecer que a meta de inflação já terá sido atingida na próxima reunião de política, mas isso faz parte da natureza "acidentada" da inflação e a alta dos preços provavelmente não voltará a 2% em uma base sustentável até o final de 2025.
(Reportagem de Balazs Koranyi, Francesco Canepa e David Latona)