Investing.com - A força da economia e o núcleo da inflação ao consumidor bem longe da meta de 2% ao ano nos EUA geram uma preocupação em William Silber, ex-professor de Finanças e Economia da Universidade de Nova York. "Estou preocupado que você não esteja preocupado o bastante com a inflação", alerta o economista no início de uma análise realizada em uma postagem no LinkedIn.
O professor qualifica o cenário econômico atual nos EUA como explosivo e o compara com eventos que levaram ao afundamento do barco pesqueiro de Andrea Gail no romance e filme "A Tempestade Perfeita". Embora Silber leve em consideração no fim do texto que o cenário pode não ocorrer, ele sugere não descontar a probabilidade do cenário da "Tempestade Perfeita".
Por que a inflação pode voltar a subir nos EUA?
Silber diz que a economia dos EUA resistiu ao ciclo de aperto monetário do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), que elevou a taxa de juros do intervalo de 0-0,25% em março de 2022 para 5,25%-5,5% em julho do ano passado, permanecendo nesse patamar até setembro desse ano. "Uma explicação razoável é que os economistas do Fed subestimaram a taxa neutra de juros, deixando as condições financeiras menos restritas do que o imaginado", aponta o economista, explicando o motivo dos gastos elevados dos consumidores.
Além disso, o economista aponta a força da economia dos EUA, que apresentou um crescimento de 2,8% na primeira leitura do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre. A taxa de desemprego está em 4,1% na última leitura de outubro.
O professor apresenta, com isso, um cenário sombrio em relação à inflação ao consumidor. "O último dado do núcleo de inflação ao consumidor rodou em uma taxa anualizada de 3,6%. Se a inflação continuar a rodar nesse patamar, os preços estarão 15% maiores em 4 anos", alerta o economista, relembrando o descontentamento popular expresso na vitória do ex-presidente Donald Trump na eleição presidencial e a maioria obtida pelos republicanos na Casa dos Representantes e no Senado. "Os americanos vão começar a gastar mais nos supermercados para evitar a inflação futura, o que, certamente, vai aumentar a pressão inflacionária", avalia Silber.
Trump 2.0 pode piorar a inflação
As promessas de Trump de reduzir os impostos corporativos e taxar produtos importados são outros fatores adicionais de pressão sobre a inflação futura nos EUA. E o Fed pode se mostrar relutante em retomar o ciclo de aperto monetário por ter iniciado recentemente um processo de corte de juros, na avaliação do professor. "Talvez alguns meses de dados ruins podem ser transitórios", sugere Silber à eventual avaliação futura do Fed para o aumento de preços, relembrando os discursos do presidente do banco central dos EUA, Jerome Powell, durante o avanço da inflação em 2021.
Outro fator que limita a atuação do Fed é a posição enfática de Trump na defesa de juros baixos na economia. "Trump não controla o Fed, mas seus pronunciamentos públicos favoráveis às taxas baixas vão adicionar constrangimentos para o aperto monetário do Fed", completa Silber, apontando que o banco central dos EUA vai falhar em elevar a taxa de juros para conter o ressurgimento da inflação. "Foi assim que a bagunça começou em 2021", relembra o professor em relação ao atraso do Fed de iniciar a alta de juros naquele período.
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