Lucro fácil, sem rastros e “garantido”. Essa é a promessa dos criminosos que tentam convencer as pessoas a apostarem em esquemas fraudulentos. Várias situações recentes chamaram a atenção pelos montantes envolvidos (como no caso da G.A.S Consultoria ou do Minerworld, uma suposta pirâmide financeira que ofertava aos usuários poder de mineração de bitcoin).
Tais fraudes já são alvo de um projeto de lei, de autoria do Senador Eduardo Braga (MDB-AM), que estabelece pena de quatro a oito anos de reclusão, além de multa aos infratores. Crimes definidos como pirâmide financeira, entre outros envolvendo criptoativos, poderão ser enquadrados na nova legislação, quando aprovada.
No entanto, enquanto isso não acontece, as irregularidades continuam ocorrendo. Nos últimos seis anos, a movimentação de empresas supostamente envolvidas em pirâmides financeiras apresentou cifras bilionárias – cerca de R$ 2 bilhões -, segundo o Money Times.
Mas, para quem está ingressando nesse mercado agora, como saber se um investimento é realmente sério ou não? O tema foi alvo de discussões durante a ABFintechs, no painel “Cuidados e segurança no mundo crypto”, conduzido pelo especialista em bitcoin e segurança, NykNyc.
Verifique dados concretos
“Acho importante sempre ter um certo grau de ceticismo quando se fala em dinheiro ou em relações comerciais. É fundamental verificar os indícios de que o que o seu interlocutor está prometendo é algo factível. Então, a dica principal é nunca confiar em terceiros antes de averiguar todos os detalhes”, afirmou.
O especialista ressaltou que o problema não é exclusivo do mercado cripto, pois pode ocorrer em qualquer transação financeira. “É importante sempre avaliar se as promessas são reais, com notícias e dados concretos, verificando todos os detalhes, em qualquer tipo de transação”, alertou.
Segundo ele, os cuidados precisam ser constantes, seja com dinheiro físico ou digital. A vantagem do dinheiro em espécie é não demandar a necessidade de internet ou de aparelhos para sua utilização. Já no caso de uma transação digital, existe a necessidade de um terceiro agente envolvido (uma instituição intermediária), o que resulta em maiores custos e baixa privacidade.
Durante sua apresentação, ele citou as possibilidades do metaverso e as perspectivas de crescimento da tecnologia, alertando para sua importância e também para os riscos envolvidos. “O metaverso mostra que nossa vida, hoje, é extremamente digital. No mundo real há exemplos de como armazenar dados ou itens concretos com segurança, como cofres, bancos, vigilância e tudo o mais. Mas, no metaverso, como fazer isso?”, questionou.
Educação financeira é essencial para garantir a segurança
Grande parte das pessoas não entende como funciona o dinheiro nem o sistema financeiro, muito menos a tecnologia. Por isso, se confundem e são enganadas mais facilmente.
Muitos fraudadores usam criptomoedas para ações ilícitas, valendo-se de notícias conhecidas pelo mercado em geral. “Todo mundo já ouviu falar da valorização do bitcoin e de outras criptos, mas sem conhecer detalhes desse universo. Com isso, o risco de acabar caindo em promessas de lucro fácil é maior”, pontuou.
De acordo com o especialista, pesquisar é essencial. “Faça as suas próprias pesquisas e verifique todos os detalhes da moeda de seu interesse. Porém, alguns esforços são desnecessários. Por exemplo, quem coloca valores baixos em um jogo online não precisa verificar o código-fonte do game; já quem vai investir um capital maior em uma startup ou em DeFi, deve ter mais cautela na avaliação do produto oferecido”, orientou.
Além disso, independentemente do valor investido, ele aconselha analisar a reputação do projeto. “Já temos mais de dez anos de mercado cripto, o que significa que há investimentos e empresas seguras no setor. A dica é buscar recomendações de pessoas de confiança e conhecer o histórico da empresa e sua proposta”, afirmou.
“Milagres não existem”
Tenha sempre em mente que o mercado é volátil e que “milagres” não existem.
Além de pesquisar sobre as oportunidades, para aumentar a segurança é fundamental:
- usar gestores de senhas, pois seres humanos sabidamente são péssimos para isso e ficam mais vulneráveis;
- adote aplicativos com segundo fator de autenticação;
- vale a pena pensar em ter dois aparelhos celulares, um para ser usado em casa e outro fora dela – no celular para uso doméstico ficariam todas as informações pessoais, sem risco de perdas;
- no caso de criptomoedas, o mais relevante é investir em conhecimento;
- faça o backup de chaves privadas e evite deixar muito dinheiro nas exchanges.