Por Ana Beatriz Bartolo
Investing.com - A Binance se manifestou no seu blog contra aquilo que chamou de “falsa narrativa” a respeito do uso de criptoativos para a lavagem de dinheiro. A corretora de criptomoedas reforçou que essa ideia seria um mito, que seria usado por “partes interessadas em espalhar desinformação ou enganar propositalmente o público em geral”.
O texto vem na esteira das notícias recentes sobre a Binance, em especial um artigo da Reuters que afirma que a corretora processou transações totalizando pelo menos US$ 2,4 bilhões decorrentes de hacks, fraudes de investimento e vendas ilegais de drogas online, além de ter ajudado o serviço secreto da Rússia a investigar as doações feitas ao líder da oposição russa, Alexei Navalny.
Além de negar todas as acusações, Binance ainda afirmou que os últimos textos “pulavam para conclusões e dependiam de dados ruins que poderiam ter sido verificados ao entrar em contato com uma das principais empresas de analistas on-chain, como Chainalysis ou TRM”.
Sobre o uso de criptomoedas para fazer lavagem de dinheiro, Binance diz que, segundo a Chainalysis, empresa de análise de blockchain especializada em análise de criptomoedas e blockchain, de todas as transações feitas com criptomoedas em 2021, 0,15% estavam associadas a algum tipo de atividade ilícita.
O número seria bem inferior ao da moeda fiduciária, que de acordo com a ONU, algo entre 2% e 5% das moedas tradicionais estariam relacionadas a algo ilegal. “A criptomoeda é incrivelmente transparente, infinitamente mais do que a economia monetária tradicional, e isso está bem documentado”, escreveu a Binance no seu blog.
Binance também se defendeu dizendo que a indústria de criptoativos ainda é recente e que, assim como os órgãos reguladores, ainda trabalham para definir uma estrutura regulatória e apropriada para o setor.
Em relação aos textos da Reuters, a corretora de criptomoedas disse que não discutiria o caso no blog. Porém, a Binance decidiu expor publicamente os seus e-mail trocados com a agência de notícias, como uma forma de provar que a empresa jornalística teria se recusado a aceitar a consultoria oferecida pela Binance para esclarecer as carteiras analisadas pelos repórteres da Reuters. Os e-mails podem ser conferidos aqui.
Problemas com a SEC
Ontem, 06, a Binance também foi envolvida em uma investigação da Securities and Exchange Commission (SEC), o órgão regulador dos Estados Unidos equivalente à CVM brasileira. As origens da Binance Holdings e do seu token BNB estão sendo averiguadas para saber se a empresa violou regras do mercado durante a sua oferta inicial de moeda (ICO) de 2017.
A investigação busca entender se o ICO representou a venda de um título que deveria ter sido registrado no SEC.
Segundo uma decisão da Suprema Corte dos EUA de 1946 sobre contratos de investimentos, uma moeda virtual pode cair sob a alçada da SEC se ela for comprada para financiar uma empresa ou projeto com a intenção de lucrar com essa operação.
Em um comunicado, a Binance disse que “não seria apropriado comentarmos sobre nossas conversas em andamento com reguladores, que incluem educação, assistência e respostas voluntárias a solicitações de informações”, mas afirmou que “continuaremos a cumprir todos os requisitos estabelecidos pelos reguladores”.