Investing.com – A Opep+ provavelmente adiará novamente o plano de redução gradual nos cortes de produção de petróleo, de acordo com analistas do Citi. O grupo, composto por grandes exportadores de petróleo e aliados, deve discutir sua política de produção em uma reunião virtual em 1º de dezembro, com foco em como ajustar a oferta diante de um mercado instável.
O plano atual, que previa a reversão de 2,2 milhões de barris por dia (bpd) em cortes voluntários de produção anunciados em junho de 2024, já foi adiado várias vezes. Inicialmente programado para começar em outubro de 2024, foi postergado para dezembro, depois janeiro de 2025, e agora pode ser remarcado para abril de 2025, segundo projeções do Citi.
Contexto de mercado e fundamentos
A decisão de postergar os cortes ocorre em um cenário de enfraquecimento da demanda global por petróleo, perspectivas de superávit em 2025 e fundamentos de mercado frágeis. O Citi estima que os estoques globais de petróleo podem crescer em cerca de 1 milhão de barris por dia no próximo ano, mesmo com os cortes vigentes. O preço do Brent deve girar em torno de US$ 60 por barril, refletindo a menor força do mercado.
Outro fator de peso é a demanda da China, tradicionalmente o maior consumidor de petróleo do mundo. A recuperação do consumo chinês está abaixo do esperado, enquanto a produção fora da Opep+ continua crescendo de forma robusta.
Pressões internas e externas
Os membros da Opep+ mostram hesitação em trazer mais petróleo ao mercado, temendo uma pressão negativa sobre os preços. Ainda assim, é improvável que o grupo implemente cortes mais profundos, uma vez que os preços atuais estão acima de US$ 70 por barril.
Entre os membros, há interesses divergentes. Países como Emirados Árabes Unidos, Iraque e Rússia demonstram vontade de aumentar a produção. Os Emirados, em particular, relataram um aumento significativo em sua capacidade de produção e buscam implementar uma elevação de sua cota base, originalmente prevista para o início de 2024.
Geopolítica e tarifas comerciais
Fatores geopolíticos complicam ainda mais a tomada de decisão da Opep+. A guerra entre Rússia e Ucrânia, tensões persistentes no Oriente Médio e novas tarifas comerciais anunciadas pelo presidente eleito dos EUA, Donald Trump, estão moldando a dinâmica do mercado.
A proposta de Trump de aplicar uma tarifa de 25% sobre as importações de petróleo do Canadá e do México pode elevar significativamente os custos para refinarias e consumidores americanos, potencialmente reduzindo a demanda por petróleo no mercado dos EUA.
Estratégias da Opep+ e perspectiva
Adiar o relaxamento dos cortes de produção oferece à Opep+ maior flexibilidade para responder a mudanças no mercado. Contudo, essa abordagem reduz a capacidade do grupo de aproveitar aumentos repentinos de preço em caso de interrupções na oferta global.
De acordo com o Citi, mudanças significativas na estratégia da Opep+ dependerão de alterações substanciais nas condições do mercado, como uma recuperação expressiva na demanda ou a diminuição de riscos geopolíticos.
Por ora, a prioridade do grupo parece ser o equilíbrio em um mercado desafiador e incerto, mesmo que isso envolva concessões internas e riscos externos.
No fim da manhã desta quarta-feira, o petróleo Brent, referência internacional e para a Petrobras (BVMF:PETR4), registrava alta de 0,14%, negociado a US$ 72,35 por barril.
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