Por Ron Bousso e Stephanie Kelly e Laura Sanicola
LONDRES/NOVA YORK (Reuters) - Operadores do mercado de petróleo estão lutando para encontrar navios, vagões de trens, cavernas e oleodutos suficientes para armazenar combustível, uma vez que instalações convencionais de estocagem foram rapidamente preenchidas em meio à oferta abundante e à queda na demanda devido ao coronavírus.
Dezenas de navios-tanque foram afretados nos últimos dias para armazenar pelo menos 30 milhões de barris de combustível de aviação, gasolina e diesel no mar, atuando como estoques flutuantes, à medida que tanques em terra firme já estão cheios ou reservados, de acordo com traders e dados de agências marítimas.
O volume se junta aos 130 milhões de barris de petróleo bruto já armazenados de maneira flutuante, acrescentaram fontes dos setores.
É difícil avaliar toda a capacidade de estocagem de petróleo do mundo, mas sinais de que o limite está sendo atingido são cada vez mais óbvios. O aumento do armazenamento marítimo é um indicador, já que ele é mais caro do que a estocagem "onshore" e pode ser tecnicamente complexo.
Em terra, o armazenamento nos Estados Unidos está sendo preenchido rapidamente, com estoques figurando em 518,6 milhões de barris neste momento, próximos a uma máxima histórica. O centro de distribuição de Cushing, em Oklahoma, estará efetivamente cheio até maio, segundo operadores.
Dessa forma, produtores, refinarias e traders estão adotando táticas mais incomuns, como a estocagem de petróleo e combustíveis em vagões de trens no nordeste dos EUA e em oleodutos fora de utilização.
Na Europa, o centro de armazenamento e refino do noroeste do continente ainda possui espaço a ser preenchido, mas especialistas da indústria indicam que a maior parte da capacidade restante já foi reservada.
Cavernas de sal na Suécia e em outros países escandinavos também estão ou lotadas, ou totalmente reservadas.
"Estamos trabalhando com os locais de armazenamento mais estranhos, localidades bastante difíceis, onde há restrições operacionais", disse Krien van Beek, corretor da ODIN - RVB Tank Storage Solutions em Roterdã, na Holanda.
"Até os vagões de trens ficarão empilhados com produtos", acrescentou um corretor com atuação nos EUA, que pediu para ser mantido no anonimato.
(Reportagem adicional de Jonathan Saul e Bozorgmehr Sharafedin, em Londres)