Estamos em março de 2017.
O índice Bovespa já bateu mês passado a faixa de 69.500, assim, esteve a 4.500 pontos de seu topo histórico. Há chances de ir lá, nos 74.000? Sim. Eu até aposto que vai. Mas e os riscos? Vale a pena entrar no jogo em busca dos 74.000?
Para quem opera curto-médio prazo; talvez. Para quem opera médio-longo prazo, não vale. Quero dizer; pegar "pechincha" nesse estágio?
Senão, vejamos.
Em março de 2018, isto é, em 1 ano, teremos a definição de praticamente todos os candidatos a próxima eleição presidencial. Ao longo de 2018, a corrida presidencial em si. Argumentos para uma forte volatilidade não faltarão. Temos para todos os gostos. Candidatos sujeitos a inelegibilidade política, salvadores da pátria, extrema esquerda, extrema direita, enfim, isso tudo num país que acabou de passar pela maior crise econômica desde a Grande Depressão de 1929. Sim. Após tal feito, esperávamos que pudéssemos ter a cabeça no lugar para termos no grid de largada algo mais consistente, correto?
Não é só isso. Até lá, ou seja, até março de 2018, ainda temos incógnitas para lá de interessantes. Em todos os campos, político, econômico e social.
No campo político, a dança das cadeiras dos ministérios deve continuar; ainda teremos as incógnitas dos acusados, dos não acusados, dos delatados, dos não delatados.
No campo econômico, as recuperações judiciais devem seguir firmes e fortes. Quem será a próxima vítima? Na verdade, quem serão as próximas? Duas, três, quatro ou cem? Como a economia, e os bancos especialmente, reagirão a uma taxa de desemprego de 12,5% por tanto tempo? E se o Fed praticar 3 aumentos de taxa de juros ao longo do ano? Voltamos para a UTI? E se o Fed praticar 2 aumentos de taxa de juros, mas com uma perspectiva de 3 aumentos para 2018? Voltamos para a UTI e rezamos?
E no campo social? Produziremos mais duas, três, quatro, dez manifestações, a reboque de quem? Da extrema direita, da extrema esquerda, do centro, ou sei lá de quem. Historicamente, o sei lá de quem é o mais perceptível em nossa longa série de dados.
Perdeu o rali de 300%. 400%. 500%?
Talvez não valha a pena pensar dessa forma. No período 1971-1983, tivemos o mais longo Bear-Market" do mercado acionário brasileiro. Crise do Petróleo, explosão das taxas de juros americanas, explosão do endividamento público da América Latina, Brasil incluso, quebras, incertezas, desesperança após o boom do milagre econômico de 73.
Não, não foi mera coincidência com os nossos últimos 10 anos; com ligeiras diferenças aqui e ali, foi tudo igual.
Abaixo, o Bear-Market 1971-1983 do Bovespa em dólar, de junho de 1971 a agosto de 1983. 12 anos de Bear-Market.
O atual Bear-Market do Bovespa já vai completar 9 anos. Em dólar, ainda estamos longe do topo histórico, faixa de 44.000 pontos tocada em maio de 2008.
Se você acha que estamos no Ponto A do gráfico abaixo, respira fundo e guarde um bom dinheiro, pois ainda teremos uma bela queda pela frente nos próximos 2-3 anos, algo em torno de 50% em dólar, pois o atual Bear-Market ainda não teve fim.
Se você acha que estamos no Ponto B do gráfico abaixo, é questão de tempo para o índice Bovespa decolar rumo aos 44.000 pontos em dólar, e provar que o Bear-Market brasileiro definitivamente terminou no fundo do ano passado, região de 37.000.
Bovespa em dólar, fechamentos anuais com suas mínimas e máximas, período 1971-1986