Nas últimas semanas, muitos clientes têm me questionado se os juros reais já não caíram demais, fazendo referência aos títulos públicos atrelados à inflação (NTN-Bs), pois estes têm sido negociados abaixo de 5,5% de taxa.
Quando isso acontece, por alguns segundos eu tento buscar fundamentos para acreditar que de fato o juro real de equilíbrio no Brasil é alto e que vai ser sempre assim por questões estruturais que prevalecem há tanto tempo. Mas quando retomo a consciência, não encontro base que justifique o fato de ainda sermos o país com o maior juro real no mundo. A tese fica ainda mais difícil de se manter em pé quando a contextualizamos com o momento de reformas que o Brasil vive, tanto no aspecto econômico quanto social. Sim, o brasileiro está mudando a forma de ver e interagir com as esferas econômica e política.
O ceticismo com o Brasil está enraizado na vida das pessoas, afinal nos últimos 30 anos, passamos por uma grande quantidade de planos econômicos, períodos de hiperinflação e estagnação de atividade. As crises e escândalos políticos tornaram-se fatos cotidianos do brasileiro, mas eu acredito estarmos passando por um período de mudança. Depois de ouvir por muito tempo que o Brasil era o lugar do futuro e nunca enxergar projeção de melhora, hoje estou otimista e o sentimento dentro do time econômico da Eleven não é diferente. Dado isso, o título do nosso relatório de conjuntura econômica de fevereiro não poderia ser diferente de: Brasil - Enfim o Futuro está Chegando!
Há exatamente 12 meses, nem o mais otimista dos brasileiros imaginaria o atual cenário econômico do país. A inflação acumulada em 12 meses (até fevereiro de 2017) desabou de 10,84% para 5,02% (IPCA-15). Já o mesmo mercado que esperava um choque de juros e projetava a Selic acima de 16%, hoje aprecia uma janela de oportunidade incrível para a redução do juro real no Brasil. Sem esquecer do câmbio, com o Dólar chegando a ser negociado acima de R$ 4,00/US$ 1,00 e atualmente beirando a casa dos R$3,00/US$1,00. Além disso, o mesmo congresso que estava literalmente parado no ano passado antes da conclusão do processo de impeachment, hoje trabalha com uma forte agenda reformista.
Mas retornando à pergunta que os nossos diversos clientes de Renda Fixa Eleven nos fazem, a taxa do Tesouro IPCA não caiu demais? A resposta é não! Ainda temos a taxa de juros real mais alta do mundo, maior do que a da Rússia (3,0%), Indonésia (2,4%), Índia (1,5%), Filipinas (1,0%), sem falar de alguns países desenvolvidos que mantém as suas taxas em níveis negativos nos últimos anos. É fato que a tendência é de redução dessa diferença devido ao momento favorável para um corte agressivo da taxa Selic, com a inflação sob controle e as expectativas já ancoradas. Ademais, os preços administrados foram devidamente ajustados, em um movimento bem diferente do que aconteceu em 2011 e 2012 e que teve um desfecho nada agradável para o país.
Outro ponto de destaque concerne ao ajuste fiscal em andamento, com a aprovação da PEC do teto dos gastos no ano passado e a reforma da previdência, que está em fase de discussão. Esta, mesmo que seu molde final não seja perfeito, já será uma evolução substancial para o projeto de longo prazo da economia brasileira e sua importância não pode ser menosprezada.
Corroborando com os fatos explicitados, ontem (22/2) o Banco Central deu mais um passo (muito importante) para que o descompasso entre os juros domésticos e do mercado externo diminua. A redução da Selic em 75 bps de 13,00% para 12,25% ao ano, veio acompanhada da sinalização de que ciclo de afrouxamento monetário deve continuar por um período mais longo. A mensagem passada pelo comunicado no trecho “possível intensificação do ritmo de flexibilização”, demostra que o ritmo pode ser ampliado para 100bps na próxima reunião. Diante desse movimento todo o time de Renda Fixa da Eleven espera que o juro real (NTN-Bs) deve cair para um nível abaixo de 4,5% para o final de 2017. É chegada a hora da estratégia também em Renda Fixa!
Acompanhe nesta quinta-feira (23/2) às 19h30 o webinário 'TV Eleven: Semana de Decisão do Copom e IPCA-15', com Rafael Bevilacqua e Adeodato Netto. Inscreva-se já e não perca.