Acredito que não. Embora a Yduqs (SA:YDUQ3) tenha apresentado melhora em alguns indicadores, o que, de certa forma, é esperado em razão do início do ano letivo, o endividamento ainda continua preocupante.
A empresa conseguiu reverter o prejuízo de R$ 74 milhões apresentado no último trimestre do ano passado, alcançando um lucro líquido de R$ 76 milhões no primeiro trimestre deste ano. A receita, por sua vez, atingiu R$ 1,19 bilhão no 1T22, um incremento de 13,5% em relação ao 4T21, enquanto o EBITDA passou de R$ 180,2 milhões para R$ 314,2 milhões no mesmo período, um aumento de 74,3%. Contudo, os custos dos serviços prestados, as despesas operacionais e as despesas financeiras somaram 1,28 bilhão de reais, um valor R$ 88 milhões superior à receita. Só houve lucro graças às receitas financeiras no valor de R$ 164 milhões obtidas no período.
Por outro lado, a dívida líquida alcançou R$ 3,825 bilhões no 1T22, um incremento de 3,6% em relação ao último trimestre de 2021 e o equivalente a 3,57 vezes o EBTIDA obtido nos últimos 12 meses. As despesas financeiras, por seu turno, somaram 308 milhões no período, um aumento de 61% comparado ao trimestre anterior. Esse valor é praticamente o mesmo do EBTIDA obtido no período e equivale a 45% das despesas financeiras de todo o ano de 2021.
Nesse contexto, oportuno salientar que os encargos financeiros consumiram 15% da receita obtida pela companhia em 2021. Já no primeiro trimestre de 2022, esse número saltou para 25,8%. Isso mesmo, um quarto da receita obtida pela empresa foi destinado para pagamento das despesas financeiras. E não há expectativa de melhora, posto que estamos diante de um cenário de elevada inflação e de aperto da liquidez global. A Selic não deve ser reduzida tão cedo nesse cenário. Sendo assim, é mais provável que o custo do endividamento continue aumentando.
Quanto ao custo de capital, verifica-se que no primeiro trimestre de 2022 o custo do capital de terceiros, com base nos dados dos últimos 12 meses, foi de 15,3% aa. Esse número foi de 12,8% aa nos 12 meses anteriores ao 4T21, um acréscimo de 2,5% aa. O custo do capital próprio, por sua vez, está estimado em 22,05% aa com base no CAPM. Dessa forma, chega-se a um custo médio ponderado de capital de 19,23% aa, acima do ROIC de 9,1% obtido pela empresa nos últimos 12 meses, o que significa que a empresa está destruindo valor.
O que o investidor deve levar em consideração antes de investir é se vale a pena se tornar sócio da empresa e não se a ação irá se valorizar nos próximos dias, semanas ou meses.