A volatilidade nos mercados globais parece ter chegado para ficar face às mais diversas causas e motivos.
Ora é o FED e as suas perspectivas de mudanças na política monetária, que sugerem impactos globais. Ora é o receio de tenha início a contração da exuberante liquidez do mercado internacional, que acaba por neutralizar análises mais rigorosas dos riscos, pois ocorrem oportunidades de ganhos muito interessantes. E assim vai indo, dia após dia.
Agora a “bola da vez” é a guerra comercial deflagrada pelo Presidente Trump, que teve sua importância habilmente minimizada, mas que retoma ímpeto a partir da demissão, a seu pedido, de Gary Cohn, visto como uma voz de Wall Street na Casa Branca, da assessoria econômica do presidente, o que elevou a percepção de que a guerra comercial se tornará efetiva por parte dos Estados Unidos, não se limitando ao aço e alumínio.
E, certamente, não deve parar por aí, pois a guerra cambial tem enorme sinergia com a guerra comercial nas ações defensivas e estratégicas.
A economia americana continua bombando produzindo números positivos, gerando empregos e acentuando a percepção de que pressões inflacionárias serão inevitáveis, levando o FED a elevar o juro até mais rapidamente.
Enfim, momentos conturbados geram incertezas sobre as reações possíveis, mas certamente neste ambiente de disputas devem acirrar os ânimos entre os países desenvolvidos, e afetar os países em desenvolvimento que não são protagonistas influentes nestas confrontações e normalmente são fortemente afetados.
O Brasil tem baixa ou nenhuma capacidade de retaliar defensivamente em contrapartida às perdas com a guerra comercial caso se intensifique mais, visto que somos produtores de commodities e estas não têm os preços formados pelo Brasil, mas sim nas bolsas internacionais altamente influenciadas pelos compradores multinacionais.
Mantida a tributação sobre o aço o Brasil deve ter impactos visto que 1/3 das exportações são direcionadas para o mercado americano.
Além disto, as falcatruas habituais dos nossos exportadores potenciais tem causado desgastes internacionais, e agora se vivencia o problema com as exportações de frangos, que tem relevante importância na nossa pauta de exportações.
Mas o Brasil tem mais com que se preocupar.
O clima tenso político com foco na sucessão presidencial vai se acentuando, ontem com o julgamento do pedido de habeas corpus postulado pelo ex-presidente Lula buscando suspender os efeitos de sua condenação, que lhe foi negado, mas que deve ter sequência no STF, onde falta convicção da população de que a decisão será confirmada.
Há muitos candidatos e candidatos a candidatos, mas falta “punch” a grande maioria. Assim, ocorrem divisões no centro da governança do Brasil, com o Presidente da Câmara se lançando candidato aparentemente de sí próprio; com o Ministro da Fazenda se confundindo nas afirmações públicas que mesclam a autoridade e o candidato, como o caso do preço da gasolina em entrevista de ontem; o próprio Presidente Temer que inegavelmente demonstra que “gostaria” de ser seu sucessor; o ex-Presidente Lula que não se dá por excluído e persiste na tese de que está candidato.
E, o “tiroteio” ainda nem começou, mas deve ser acentuar impactando no ânimo otimista que ainda perdura sobre o resgate do país do “buraco” onde foi jogado nos anos mais recentes.
Entendemos que se a crise fiscal já era relevante, sugerindo que possa ser necessário que se quebre a “regra de ouro” para elaboração do orçamento de 2019, ganha mais um fator negativo com o anúncio do BNDES que alegando risco aponta que não terá condições de devolver recursos em 2019. E isto, sem que tenha ainda dado efetivas evidências de que terá condições de devolver os R$ 130,0 Bi este ano, sendo que os R$ 30,0 Bi iniciais já foram discretamente postergados.
Se observarmos os riscos externos que devem ou podem impactar no cenário ainda prevalecente favorável aos emergentes no curto prazo e os riscos internos com potencial desestabilizador, será fácil entender porque consideramos que a volatilidade é uma efetiva tendência, podendo ocorrer localmente em determinados momentos até de forma alheia ao cenário externo, quando este não estiver negativo.
Não cabe neste momento, por mais otimista que se deseje ser, insensibilidade sobre o cenário prospectivo, sendo recomendável extremo rigor na gestão, sendo mais precavida do que atrevida como tem sido.
O dólar ontem deixou evidências no seu comportamento logo ao início dos negócios de que houve uma ação “chapa branca”, visto que não havia motivos para a queda expressada ainda quando sequer haviam sido iniciados efetivamente os negócios, necessariamente irá buscar um novo patamar de preço pelas circunstâncias e para QUE se torne mais equânime com a realidade brasileira.
A BOVESPA tem uma potencial propensão a dar uma realizada previdente de lucros, mas busca motivos pontuais para este intento, por isso “patina”, mas pode ter um “sell off” assim que surgir mais consistentemente um fundamento que possa justificar o movimento.