O real está surfando na tese de rotação global de carteiras, o que leva investidores a abandonar a Bolsa dos EUA para alocar em ativos emergentes depreciados.
É muito provável que haja continuidade do aperto monetário e que a taxa Selic fique acima de 12% ao ano, o que garante juro real gordo e estimula as operações de carry trade (que exploram o diferencial de juros entre países).
O dólar encerrou a semana passada vendido a R$ 5,242, com leve alta de 0,01%. A moeda chegou a cair para R$ 5,18 no decorrer do dia, mas a queda perdeu força com as tensões em torno do conflito entre Rússia e Ucrânia. Em 2022, a divisa acumula queda de 5,98%.
O fortalecimento do real ao longo da semana passada continua escorado em uma expressiva entrada de recursos estrangeiros, que é atestada pelos dados semanais do fluxo cambial em US$ 4,936 bilhões, graças a entrada líquida de US$ 4,569 bilhões pelo canal financeiro.
O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) é considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB) e ajuda o BC a tomar decisões sobre a taxa básica de juros, a Selic, definida atualmente em 10,75% ao ano. No ano (2021) o IBC-Br ficou em 4,5%. O projetado era 5,1%, mas está em linha com as expectativas do mercado. A Selic ainda tem aumentos previstos e continuará impulsionando a entrada de capital externo.
Positivo para o Brasil, o movimento na mudança de postura da China, que passou a estimular o crescimento no curto prazo com instrumentos financeiros, o que tende a fortalecer as commodities, e por tabela, carrear recursos para países da América Latina.
Para esta semana (quarta-feira) o foco deve estar na ata do Fed, pois o dólar pode receber um impulso caso a ata tenha um tom hawkish.
Para hoje, o tradicional Boletim Focus de segunda-feira, o discurso da presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, e o noticiário da questão Ucrânia-Rússia. Por aqui, também precisamos prestar atenção em questões fiscais, como diminuição de tributos sobre combustíveis, que pode trazer alívio ao mercado quanto ao impacto nas contas do Brasil.
Amanhã, temos dados de inflação: IGP-10 no Brasil e inflação ao produtor de janeiro nos EUA.