Por Rebeca Nevares, sócia da Monte Bravo Investimentos
Se você já investe há algum tempo, sabe que este universo é fascinante, mas bastante perigoso para quem não entende do assunto. É preciso estudar e se manter informado para conseguir retornos consistentes no longo prazo. Porém, muitas pessoas, por conta de suas atividades profissionais não conseguem se aprofundar tanto quanto gostariam e optam por fundos de investimentos. Como existem vários, não cabe nesta coluna falar sobre todos eles, mas hoje quero chamar a sua atenção para os multimercados.
De acordo com a Anbima, hoje existem cerca de 19 mil fundos no Brasil. Do total, 9 mil são especializados neste segmento específico. Mas como escolher um na hora de alocar os seus recursos?
Em primeiro lugar, vale destacar que algumas orientações valem para todos os tipos. Após fazer uma análise de suitability (perfil de investidor) para entender a sua tolerância ao risco, é preciso olhar o prospecto, geralmente disponível na plataforma da sua corretora, para entender a política de investimento com as regras, objetivos e o perfil de gestão (ativa ou passiva).
Os fundos multimercados são interessantes pois podem mesclar, de acordo com a categoria, diversos ativos em sua composição como ações, CDBs, títulos públicos, moedas, derivativos, entre outros.
Mas vale chamar atenção para alguns pontos. Entender a questão da tributação é fundamental. A maioria desses fundos segue a tabela regressiva de imposto, onde depois de dois anos é paga a menor alíquota, de 15%. Além disso, este tipo de fundo também sofre com o come-cotas nos meses de maio e novembro.
Outros dois pontos a serem considerados são as taxas e a rentabilidade. Em geral, os fundos multimercado cobram cerca de 2% ao ano de taxa e 20% de performance. Esta última só cobrada se ele superar uma referência específica. Eu sugiro que você compare as opções disponíveis na plataforma da sua corretora de acordo com os seus objetivos e critérios. E vale mais olhar a rentabilidade do que as taxas, afinal elas são apresentadas já com todos os descontos.
Por outro lado, também é difícil especificar o que seria uma boa rentabilidade e a ideia de contrapor fundos de outras gestoras pode fazer sentido. Sempre pense em fundos multimercados com estratégias descorrelacionadas para poder de fato diversificar seu portfólio. E sempre que analisar a rentabilidade, veja se ao longo do tempo ele supera o benchmark (referência).
O horizonte de tempo neste caso pode variar com a estratégia, mas é prudente falar que eles são indicados para o médio prazo e não para curto prazo.
Como este tipo de gestão tem liberdade para mesclar portfólio de várias formas, é preciso ficar atento ao fundo que você escolher. Os riscos envolvidos podem impactar sua carteira por conta desta característica. Para o investidor comum, os fundos multimercado são interessantes como estratégia de diversificação de carteira, já que muitas vezes fica difícil com o seu valor de investimento comprar diferentes ativos e ainda fazer a gestão dos mesmos.
Recentemente, o Márcio Appel, fundador da Adam Capital, uma das maiores gestoras do Brasil, citou que o investidor pessoa física deveria sempre considerar este tipo de fundo na composição do portfólio.
Neste sentido, contar com a expertise de um profissional pode fazer toda a diferença para a sua estratégia. Mas vale ressaltar: mesmo com as atividades do dia a dia, procure um tempo para estudar e se informar sobre o mercado. Pense nisso.