Os ciclos, sempre os ciclos
Howard Marks criou brilhantemente um “guia de bolso dos ciclos” para ajudar os investidores a entender um pouco a dinâmica do mercado.
Atualmente, estamos em um ciclo de economia lenta, perspectiva negativa, mercado de capitais sofrendo, juros altos, saída em massa da Bolsa e os fundos tomando lotes de resgate…
Mas o mercado é cíclico e você pode ganhar muito dinheiro com isso.
Entender sobre os ciclos te dará uma vantagem absurda sobre o mercado.
Juros altos não duram para sempre
A combinação de juros altos envolve uma grande necessidade de ajustar os fatores da economia que são importantes para o longo prazo: desemprego e inflação.
De forma não tão óbvia, existe também a necessidade de ajustar o que possivelmente será um problema lá na frente diante da trajetória do fiscal.
O gráfico acima nos mostra pontos de inflexão importantes entre a trajetória da Selic e as altas/quedas do Ibovespa.
A bolsa acompanha a trajetória dos juros para descontar da forma correta o valor dos ativos e também observa a movimentação dos juros futuros, que possivelmente serão a realidade da população caso os receios precificados na curva de fato aconteçam.
De uma forma simples, seria como imaginar a discussão: “Governo gasta mais, incentiva consumo, inflação alta, os juros lá na frente serão maiores para reduzir o impacto”.
Com esses movimentos, a Bolsa respira quando os juros caem e sobrevive por aparelhos quando os juros sobem.
Mas isso não quer dizer que você não pode ter êxito ao investir em ações, apenas reforça a necessidade do entendimento de ciclos.
Juros altos não duram para sempre e é importante estar preparado para isso.
Você está preparado para a renda fixa cair?
É mais importante entender onde estamos do que simplesmente o que comprar agora.
É mais importante entender que a renda fixa te remunera hoje para que você não precise pensar em absolutamente nada.
Mas não será assim para sempre.
A relação entre investimentos em ações sobre renda fixa está em patamares baixíssimos, o que indica a maior preferência pela renda fixa no momento.
As ações estão esquecidas, largadas às traças.
O que será que pode acontecer quando a Selic começar a cair?
Quanto rende a Bolsa quando os juros caem?
Conversando com algumas empresas, a conta é que uma queda de 3 pontos percentuais na Selic (chegar próximo de 10%) é capaz de gerar para algumas empresas mais sensíveis aos juros um incremento interessante no lucro anual.
Para Movida (BVMF:MOVI3), seria algo próximo de 50% do lucro de 2022.
Até a Marilia Fontes, nossa analista de renda fixa, está muito otimista com a Bolsa diante dos dados de inflação que abrem espaço para movimentações interessantes na Bolsa.
E, como vocês já aprenderam, o mercado tem ciclos, e os ciclos são de acordo com os juros.
No ciclo de queda de juros iniciado em 2016 a 2020, o ETF do índice das Small Caps (SMALL11) valorizou +302% enquanto o ETF que replica o Ibovespa (BVMF:BOVA11)) valorizou apenas +218%.
O mercado envolve ciclos, juros e também fluxo.
O enorme fluxo advindo dos resgates de fundos está acontecendo agora.
Muitos fundos tentaram se desfazer das suas posições mais líquidas, mas sempre sobra para as Small Caps.
O volume de saída é enorme e, quando o mercado vira, a retomada do fluxo é tão forte quanto.
“Dani, estou preparado, agora quero saber o que comprar”
Agora que você já sabe onde estamos, é importante entender o que fazer com tudo isso.
E, é claro, agir.
Para investimento em ações, a melhor forma de selecionar boas empresas para a sua carteira — e o consenso entre os analistas da Nord é exatamente este — é avaliar os resultados das empresas.
As cotações são totalmente transitórias e subjetivas ao humor do mercado.
Humor que, por sua vez, é embasado nos juros, expectativas, ciclos, fluxo…
Já os resultados são a engrenagem que permite que as empresas tenham caixa, lucratividade e plano de longevidade suficiente para estar em pé daqui a 10,15, 20 anos.
Encontramos exemplos de recém-chegadas e de empresas que estão há muitos anos na bolsa que o mercado ignora completamente os fundamentos, como BTG Pactual (BVMF:BPAC11)
No curto prazo, a conexão entre ações e resultados será deixada para a aleatoriedade.
No longo prazo (acima de 5 anos), as cotações acompanham os resultados.
Ao observar os bons resultados, a probabilidade do investidor em renda variável joga muito mais ao seu favor.
Probabilidade que hoje está bastante assimétrica, principalmente para ações Small Caps e ações de crescimento.
Ações mais sensíveis aos juros que o mercado puniu e ignorou completamente os resultados.
São ações que dar all-in, penhorar a sogra, fazer dívida para comprar nunca é a melhor decisão, mas não ter nada é muito pior.
Dentro de uma alocação de ativos responsável, um percentual pequeno nessas ações é bastante interessante, considerando todo o cenário atual.
Certamente, a Nord tem uma filosofia de ir na contramão do mercado. Ninguém quer falar de Small Caps ou Ações de Growth (crescimento) com vocês, mas o mercado está nos dando sinais difíceis de serem ignorados.
Seria muito mais fácil falar somente de Renda Fixa e entender que existe um conflito de interesse, já que o mercado vende “só o que está subindo”.