Por Rebeca Nevares, sócia da Monte Bravo Investimentos
Você talvez nunca tenha ouvido falar na “Fearless Girl”, a estátua de uma garotinha desafiando o “Charging Bull” em Wall Street, certo? Pois hoje eu quero te contar um pouco dessa história e o que ela tem a ver com investimentos.
Na tradução para o português, Fearless Girl significa garota destemida. A ideia de criação da estátua surgiu em meados de 2017 em uma campanha pela diversidade de gênero organizada pela State Global Advisor. A escultora responsável pela obra se chama Kristen Visbal.
À época, a ação repercutiu mundialmente. A garotinha se tornou um símbolo da igualdade de gênero e representatividade feminina no mercado de trabalho.
Instalada inicialmente em frente ao “Touro de Wall Street”, hoje ela se encontra em frente à NYSE (New York Stock Exchange) e está envolvida em uma série de polêmicas.
Segundo matéria recente do El País, a empresa responsável pela ação teve que indenizar cerca de 300 funcionárias porque seus salários eram mais baixos que o de seus pares do sexo masculino. E sabemos que isso ainda ocorre em grande escala no mundo todo.
Trazendo a discussão para 2020 em plena pandemia, eu diria que este tema nunca chamou tanto a atenção da sociedade e do mercado. É possível observar companhias com uma preocupação maior relativa às práticas ambientais, sociais e de governança, o tão abordado ESG.
E isso reflete diretamente no universo dos investimentos. Recentemente repercutiu em toda a imprensa uma carta enviada por gestores de fundos globais da ordem de US$3,75 trilhões a embaixadas brasileiras em oito países.
No documento eles pediam providências em relação aos problemas ambientais (desmatamento da Amazônia) e de direitos humanos. Ou seja, os investidores, em grande parte, não estão se preocupando somente com as rentabilidades, mas onde os recursos estão sendo alocados e as empresas que estão nutrindo.
Este é um tema que ainda deve permanecer em pauta nos próximos anos, sobretudo, por causa dos efeitos causados pela pandemia do coronavírus. O mundo precisa de mais equilíbrio e as pessoas estão percebendo isso.
Falei em outro artigo sobre as transformações trazidas pela crise e esta é talvez a mais importante delas.