Tudo indica que a nossa percepção acerca da retomada mais forte da atividade econômica a partir do agronegócio, que tem peso no PIB nacional, turbinado por preço exacerbado do dólar americano e considerando a oportunidade de exportações em grandes volumes, no primeiro momento, combinado com o estímulo ao mercado acionário que registra inúmeras ações com preços convidativos e “baratos” face ao preço do dólar, parecem estar se evidenciando com firmeza.
Assim, o preço da moeda americana sustenta viés de alta, a despeito das intervenções profiláticas do BC, e a Bovespa insinua movimento de recuperação.
Antes do estresse em torno do Ministério da Justiça/Polícia Federal, este já era a sinalização e leitura do movimento de dupla mão, de forma que o fluxo cambial registrava melhora no mês e poderia até fechar positivo, enquanto na Bovespa se observava redução da aversão ao risco por parte dos investidores estrangeiros e o saldo, também, tendia a fechar o mês positivo.
O evento político causou os impactos psicológicos imediatos e impactou forte e negativamente na Bovespa, até porque se colocou em dúvida também a permanência do Ministro da Economia Paulo Guedes, e acentuou a depreciação do real.
Acomodada a questão política, pelo menos por enquanto não se sabendo dos desdobramentos, o ambiente antecedente sugere estar retomado e a Bovespa evidenciou consistente recuperação ontem e o dólar, após um início em que se esperava maior intervenção do BC, retomou a dinâmica da apreciação frente ao real.
Há ruídos que o governo está entabulando plano para retomada da atividade econômica reagente aos impactos negativos da crise do coronavírus.
A base poderia ser a impulsão do agronegócio e a estratégia de criar atratividade para os investidores estrangeiros na Bovespa.
A partir daí, certamente, com os preços de produtos importados aviltados pelo preço da moeda americana o cenário induziria o consumo de bens e insumos nacionais em detrimento dos importados, incrementando assim a retomada da geração de empregos e renda e arrecadação fiscal.
O governo Bolsonaro, e mais especificamente o Presidente Bolsonaro, tem se mostrado ansioso sobre a necessidade de flexibilização das normas de isolamento e estagnação da atividade econômica, entendendo que o governo não tem recursos para bancar benesses concedidas em razão da crise do coronavírus por muito tempo, além de buscar evitar o desalento da população enclausurada e com grande parte já passando necessidades.
É evidente que do ponto de vista científico o isolamento e o distanciamento social deve ser mantido, mas a necessidade de sobrevivência com a superação das necessidades mínimas da coletividade é um desafio, e então o que se observa é o “treinamento” para a convivência “cautelosa e previdente” por parte da população face à pandemia, sem, contudo haver a absoluta inatividade.
É a “escolha de Sofia”, mas no caso o que se percebe é que a busca visa preservar um modelo em que seja possível acomodar as situações extremas.
Certamente, a globalização será duramente afetada no novo momento e os preços relativos estarão bastante desalinhados, havendo uma grande oportunidade de países em desenvolvimento produtores de insumos básicos incrementarem suas indústrias e construírem um modelo novo de retomada.
Acreditamos que este seja um momento para dinamizar as IPO´s brasileiras, de vez que a liquidez mundial está a busca de negócios de oportunidade, e o Brasil pode ser uma opção interessante com perspectivas de retornos no médio/longo prazos.
O dólar neste patamar não consegue afetar a inflação dado a inércia da atividade econômica, para o que contribui também de forma significativa a derrocada do petróleo.
Neste cenário identificamos que os efeitos colaterais do dólar elevado podem ser contributivos para a retomada da atividade e amenizar as nefastas projeções presentes para o país.