Iniciamos esta terça-feira, repercutindo a vitória de Pedro Castilho, da frente "Peru Libre", contra a filha de Fujimori, Keiko, da frente "Fuerza Popular". Dois candidatos populistas, da extrema esquerda e da direita.
Castillo, um professor de ensino médio do vilarejo de Chota, província de Cajamarca, no interior profundo do País. Um militante sindical de esquerda, marxista-leninista, no passado ligado à lideranças do Sendero Luminoso, como Vladimir Cerión.
No outro extremo, a filha do ex-presidente Fujimori, o "chino", condenado à 30 anos de cadeia e cumprindo pena. Política experiente em Lima, já foi presa no passado, ligada à grupos empresariais, dizem, uma das primeiras decisões se eleita, dar “indulto” ao pai.
No meio, um país deflagrado, marcado pela instabilidade política, com vários presidentes afastados e acusados de CORRUPÇÃO, inclusive, pela LAVA JATO. Foi um dos países mais afetados pela pandemia, com mais óbitos “per capita” no mundo, em especial, entre os “campesinos” do interior.
O cenário eleitoral foi marcado pela raiva da sociedade, na busca de um candidato alternativo. Deu no que deu. As apurações, de domingo à segunda-feira, primeiro na capital Lima, mostraram alguma vantagem de Keiko, embora apertada. Depois tudo virou. Pedro passou a ter vantagem, quanto mais as urnas iam sendo abertas no interior, nos altiplanos, nas zonas rurais. Acabou eleito, muito apertado. Agora é saber como será sua composição política no Congresso, também muito polarizado e dividido ao meio.
O fato é que a crise de representatividade, ocorrida nos EUA, com Donald Trump, em alguns países da Europa, em toda a América Latina, com Hugo Chávez na Venezuela, Rafael Corrêa no Equador, os Kirchner na Argentina, o lulo-petismo e agora, o Bolsonarismo no Brasil, atende a uma só denominação, populismo.
Aquele candidato que se “identifica” com as aspirações de parte do eleitorado e que procura traduzir isso com promessas fáceis, quase nunca atendidas, raramente realizáveis.
Pois é. Todos eles fenômenos de uma mesma “linhagem”, do populista, tanto de esquerda, como de direita, do candidato carismático, que se apresenta como “representante do povo”.
Claro que contra ele, a irresponsabilidade nos compromissos assumidos, a frouxidão no trato dos recursos públicos, a adoção de medidas paliativas e de pouco alcance no longo prazo.
Sim, porque o objetivo destes personagens é apenas renovar o seu mandato para a próxima eleição e se perpetuar no poder.
Na agenda desta semana, destaquemos também no exterior, muitos indicadores de atividade e de inflação, nos EUA, na Europa, na China. O IPC sai na quinta-feira e espera-se 0,6%, elevando a inflação em 12 meses a 3,5%, bem acima do centro da meta do Fed. Na sexta-feira temos a reunião do G7, quando saberemos se haverá ou não a taxação de 15% sobre as grandes corporações, como Google (NASDAQ:GOOGL) (SA:GOGL34) e Facebook (NASDAQ:FB) (SA:FBOK34).
No Brasil em dia de CPI da Covid, o Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga irá depor, de novo, hoje. Para esta quinta-feira é aguardado o depoimento do Governador do Amazonas, Wilson Lima.
Em paralelo, o auxílio emergencial deve ser prorrogado por mais 2 meses, até setembro, mobilizando um total de R$ 15 bilhões. Os valores a serem pagos serão os mesmos pagos atualmente, de R$ 150 a R$375. A ideia com a prorrogação do auxílio emergencial é cobrir uma lacuna de assistência as famílias até o lançamento do novo Bolsa Família que deverá ser lançado até o final de dezembro desse ano, pois a lei não permite medidas sociais em ano eleitoral. Arthur Lira, presidente da Câmara afirmou que consegue votar o novo programa social antes do recesso parlamentar de julho.
Na agenda de reformas, o Presidente da Câmara deve instalar nesta semana a reforma administrativa e iniciará o processo da reforma tributária, que se dará em concordância com o Senado. O novo imposto digital, chamado de “nova CPMF”, deve ser avaliado na última fase do processo da reforma tributária e vai depender da receptividade dos congressistas à proposta.
Continuemos atentos, também, à crise hídrica, cada vez mais presente. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) já comunicou que ao menos oito grandes usinas hidrelétricas não poderão operar, com regularidade, neste ano, pelo fato dos seus reservatórios estarem em níveis críticos. Decorrente disso, as tarifas de energia continuam com a “bandeira vermelha 2”, no uso de termoelétricas e elevados custos aos consumidores.
Nos mercados, seguem as revisões das projeções.
Divulgamos a nossa leitura para este ano no relatório de segunda-feira. Achamos que o dólar pode se aproximar do “piso” de R$ 5,00, IPCA de 5,3%, Selic de 5,5% e PIB, crescendo 4,8%.
No mercado, a pesquisa Focus mostrou o IPCA deste ano passando de 5,31% para 5,44%, em 2022 a 3,70%. O BTG Pactual (SA:BPAC11) trabalha com IPCA de 4,0% no ano que vem e 5,5% neste ano, além de 5,3% de crescimento. A inglesa TS Lombard prevê crescimento de 5%, podendo chegar a 5,5% e o JPMorgan, se aproximando dos 6%. O BTG prevê R$ 4,90 para a taxa de câmbio e o Rabobank R$ 5,15.
Bons negócios!