Se Gotham City tem o Batman como vigilante, o mercado financeiro tem o Copom, mas você vai concordar com a gente: o Cavaleiro das Trevas é mais legal.
Na ata de dezembro, a autoridade monetária reiterou que seguirá acompanhando os “vilões” que têm aterrorizado o mercado com uma atenção redobrada para o aumento do risco decorrente das medidas recentes de política fiscal.
Enquanto o Batman não aparece para nos salvar, confira os principais temas que ficarão no radar do Copom.
1. Aumento do risco fiscal
O texto do Comitê reforçou a visão de que o aumento do risco fiscal pode comprometer a convergência da inflação no médio prazo e exigir uma postura mais dura do Banco Central”.
Há algumas semanas, o mercado precificava quedas relevantes da Selic ao longo de 2023. Agora, as falas da autoridade monetária mostram que as sinalizações sobre um fiscal mais deteriorado aumentam as chances de não ser mais possível uma redução de juros no próximo ano.
2. Processo de desaceleração
Outro ponto que o Copom vai seguir acompanhando de perto é o processo de desinflação dos preços de serviços e dos núcleos, que são componentes de maior inércia inflacionária e, portanto, demandam mais atenção e perseverança da condução de política monetária.
3. Taxa de juros neutra
Além do quadro fiscal e dos preços de serviços e dos núcleos, a autarquia monetária buscou reforçar ainda que debateu de forma extensa os impactos de diferentes cenários fiscais sobre a inflação.
Em análise, o Comitê reiterou que a política fiscal pode afetar a inflação por meio da demanda agregada (ou seja, aumento de consumo no curto prazo, que tende a gerar pressões inflacionárias), preços de ativos, grau de incerteza na economia e expectativas de inflação, assim como a taxa de juros neutra – aquela não estimula nem contrai a economia, não gerando impactos sobre a dinâmica inflacionária.
Para o Banco Central desacelerar a inflação, a Selic tem que estar acima do juro neutro. Dessa forma, uma elevação da taxa de juro neutro, como consequência de um fiscal mais deteriorado, resulta numa perda de potência da política monetária adotada pelo BC, o que cria a necessidade de juro mais alto para o controle da inflação (ou de juro elevado por mais tempo).
É importante mencionar que o Copom voltou a informar que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste monetário caso o processo de desinflação não transcorra como esperado.