Segunda-feira foi um dia infernal para os mercados, diante dos riscos da nova cepa do Coronavirus, a variante Delta, a assustar o mundo, além do recuo do barril de petróleo, depois do acordo da OPEP+ no final de semana.
O receio é de que esta variante aborte a retomada da economia global, com vários países já tendo completado o desconfinamento, não sendo surpresa se tiverem que recuar. Segundo o JP Morgan “a variante Delta é um risco-chave, pode indicar uma terceira onda longa de casos, mas a ligação entre novos casos e hospitalizações se enfraqueceu por estes dias”. Já para a OMS, esta variante já transita em mais de 111 países, indicando maior risco de “hospitalização”.
No Reino Unido, depois do desconfinamento total, novas internações voltaram a acontecer, mas 60% de não vacinados. Nos EUA, Joe Biden faz um apelo para que as pessoas se vacinem logo, já que metade da população não está totalmente vacinada (até por “negacionismo”). No Japão, às vésperas da Olimpíada de Tóquio (a mais tumultuada da história), novos casos de Covid seguem “testando” a paciência do comitê organizador. Vários membros da comitiva da África do Sul estão com Covid, assim como no hotel da equipe de judô brasileira, novos casos foram detectados. Na Tailândia, o aumento de casos assusta, assim como em Cingapura.
Na OPEP+, um acordo foi “costurado” no fim de semana, depois de duas semanas de duras negociações. Foram definidas as metas de produção para o segundo semestre de 2021 e ao longo de 2022. A partir de agosto, a produção se expande em 400 mil barris dia, a cada mês, perdurando até o final de 2022. Neste ano de 2021, o aumento deve chegar a US$ 2 milhões de barris e em 2022 haverá uma reavaliação sobre o corte de US$ 5,8 milhões de barris de produção até o fim de dezembro, planejado no ano passado. Dois pontos chamam atenção: a expansão da produção neste segundo semestre deve se manter deficitária por alguns meses, o mesmo ocorrendo no ano que vem. Acreditamos que o petróleo ingressa num ciclo de moderação, não havendo a restauração do equilíbrio neste mercado.
Neste contexto, os preços do barril despencaram segunda-feira. O WTI foi a US$ 66,35 (-7,28%) e o Brent, a US$ 68,62 (-6,75%). O mesmo aconteceu com as bolsas de NY. O Dow Jones perdeu 2,09%, a 33.962 pontos, maior recuo desde outubro de 2020, o S&P -1,58%, a 4.258 pontos, e o Nasdaq -1,06% (14.274 pontos).
No Brasil, os papéis ligados ao petróleo sofreram, assim como os relacionados às atividades presenciais como varejo, aéreas e turismo. O Ibovespa a recuou 1,24%, a 124.394 pontos, no mês cedendo 1,90%, limitando o ganho do ano a 4,52%. No mercado cambial, o real liderou as perdas entre os emergentes e os países exportadores de commodities, fechando em forte queda de 2,64%, a R$ 5,2506
No Brasil
O clima segue agitado. Ingressamos no recesso do Congresso e da CPI da Covid, só retornando em 02/08, Bolsonaro saiu do hospital, mas já apresentando seu arsenal de estultices. Falou de um remédio sem comprovação, e, boa notícia, sinalizou que pode vetar o fundo eleitoral de R$ 5,7 bilhões. O problema será a reação do Congresso, em especial, do Centrão, um dos “artificies” desta decisão indecente.
Nos Estados Unidos
A inflação, acima do esperado, e a economia, em retomada mais robusta, são sinais de que o timing do tapering pode ser antecipado. Aguardemos os dados do PMI, na sexta-feira, importantes para a reunião do FOMC da próxima semana. O indicador da indústria deve vir em desaceleração ou acomodação, ainda enfrentando a disparidade das cadeias produtivas, com destaque para o setor automobilístico, em dificuldade no fornecimento de semicondutores para carros novos. Nos Serviços, deve haver recuo na margem, refletindo o ambiente de reabertura da economia, o avanço da vacinação e a confiança dos consumidores. Na quarta-feira é previsto a votação do pacote de infraestrutura de US$ 1,2 trilhão, que pode ser adiada pelo maior controle dos órgãos de regulação.
Na Europa e Ásia
Nesta madrugada, o Banco Central Chinês manteve a política monetária atual, com juro e compra de ativos, pelo 15º mês seguido. Lembremos que diante do consumo enfraquecido, no início do mês foi reduzida a taxa de depósito compulsório em 50 pontos base, retomando o posicionamento expansionista.
Na quinta-feira o Banco Central Europeu, BCE, se reúne para decidir os rumos da política monetária do bloco. Os dirigentes devem ajustar sua visão e seus mecanismos para refletir o intuito de manter a inflação levemente acima dos 2%. Na Zona do Euro, na sexta-feira temos as prévias dos PMIs, com expectativa de desaceleração no PMI Industrial e aceleração no PMI de Serviços, refletindo os movimentos de reabertura do bloco.
Mercado. Depois da decisão da China de manter sua política monetária, os mercados futuros indicavam alta nesta manhã de terça-feira. Os futuros do S&P operavam em alta de 0,5%, o mesmo acontecendo com os barris de petróleo, em alta, assim como o ouro. O DXY operava em queda, também, os treasuries notes. Já o índice de volatilidade VIX recuava 5%.