Vamos pro córner Dr.Mantega, Dr.Tombini, Brasil ?

Pronto, chegamos muito próximos da barreira psicológica de R$ 2,00 para cada dólar.

Graficamente falando, rompemos a faixa de 1,91-1,92, já visando a faixa de 2,00, e olhando para 2,50-2,60.

Sim...olhando para 2,50 e 2,60

Escrevi no dia 12/12/2011 um artigo onde dizia: "UMA APOSTA CONTRA O REAL" , no qual explicitava e defendia que o movimento de alta dos últimos meses não era reflexo das já então turbulências externas.

Lembrem-se que o artigo foi escrito em dezembro e explicava o comportamente de setembro até dezembro.

As novas e recorrentes turbulências vindas da Grécia no segundo semestre de 2011 não explicavam, na essência, a alta do dólar frente ao Real.
Prova maior é que, já em meados de 2010, quando vieram à tona com mais força os problemas da dívida soberana da Grécia, a paridade "Dólar x Real" subiu , pra depois cair com força e fazer nova mínimas.

Veja o gráfico abaixo.

 






Vejam que o comportamento da paridade "Dólar x Euro" (primeiro gráfico), destacado também acima em "preto", em comparação a paridade "Dólar X Real" (em rosa), ratifica e corrobora tal defesa.


As turbulências externas ao longo de 2010 fazem a paridade  "Dólar x Euro" subir muito mais do que a paridade "Dólar x Real". 
E quando as turbulências arrefecem, a paridade "Dólar X Euro" cai sem fazer novas mínimas, enquanto, a paridade "Dólar x Real" continua a fazer novas mínimas.

Do ponto de vista gráfico, o fundo duplo ajuda em dar nova vida a paridade "Dólar x Real", porém o que dá forma maior a disparada dessa paridade é o comportamento do governo brasileiro de fazer cair as taxas de juros internas.

Ao final de agosto de 2011, a equipe econômica sinaliza uma direção clara de queda das taxas de juros e o "dólar x real" sobe com força.
É fato que as turbulências da Europa voltaram nesse período, mas fica clara a correlação com a queda das taxas com muito mais intensidade do que com as turbulências externas.

Vejam acima novamente que dessa vez, a paridade "dólar x real" sobe com muito mais força do que a paridade "Dólar X Euro", mesmo com as turbulências.

O que eu quero dizer com isso ?

Uma coisa eu já disse naquele artigo. Houve um forte movimento de "desmonte" de  carry trade nas taxas de juros do Brasil
O  mercado começa a sair de tudo que é ligado a taxa de juros, e corre para um "ativo barato e seguro".
O desmonte foi forte e, na minha opinião, o que temos até aqui foi reflexo, essencialmente disso.

E agora ?

Agora, o mercado ccmeçará a "cozinhar" o Banco Central do Brasil e o Ministério da Fazenda.

O Banco Central e o ministro da Fazenda cometeram um imenso erro agindo dessa forma e com a velocidade em curso.

A inflação que já caminhou no limite do teto da meta ano passado entra no centro das atenções novamente, seja pelo câmbio, seja  por um mercado interno ainda na transição da desaceleração economica mundial.

Essa reflexividade e tamanho são sempre difíceis de mensurar, porém, o que quero destacar aqui é a ênfase na taxa de câmbio como correia de pressão para as taxas de juros e inflação.

Ao sinalizar tamanha queda na taxa de juros e sua respectiva velocidade num país com forte carregamento de posições nas taxas  e com o perfil de um governo "gastador" e "não preocupado com os gastos públicos, o governo brasileiro comete um errro grosseiro de condução de política econômica que vai muito mais além do que essa discussão populista e primária de "caça às bruxas" aos bancos com seus largos spreads bancários.

A Reflexividade e o looping da equação "queda das taxas de juros  + alta do dólar + inflação" na cabeça do mercado levará cada vez mais o governo para um córner clássico.

Ora...vamos lá......

Pensemos...

Já estou num patamar de R$ 2,00 pra cada dólar.....isso pressiona a inflação.....as taxa de juros não poderão ficar no lugar em que está se a inflação subir até um ponto X.

Essas conjecturas são fáceis de colocar num modelo. Qualquer estatístico que trabalhe com inflação comsegue identificar que tipo e tamanho de impactos podem ocorrer na inflação em vários cenários do câmbio numa economia altamente "tradeable".

Agora o mercado pensa:

"E se o câmbio andar mais, quanto isso terá de impacto na inflação ?"
E assim vão mexendo os modelos, .....
E subindo claro o nível "mínimo" de taxa de juros para que uma "suposta meta" de inflação seja atingida.
Desconsiderando, é claro  , a alternativa de uma explosão inflacionária.

O mercado sabe que se ele partir pra cima do câmbio,, a inflação estará muito pressionada, e o governo não terá alternativa se não subir as taxas.

O jogo será ganha x ganha para o mercado !
Nesse período, podem ter certeza, 
ARBITRAGENS COM TAXAS DE JUROS já estão sendo feitas !
É COMPRA EM TAXA DE JUROS E COMPRA NO DÓLAR


OU SEJA

Volto a dizer, estamos num caso clássico onde o mercado levará o governo brasileiro para o córner.


"Me dá dólar que eu compro" , dirá o mercado........pois você, GOVERNO,  lá na frente vai ter de subir a taxa de juros pra controlar a inflação........e eu vou ganhar nas minhas arbitragens e ainda voltarei pras taxas lá na frente..

"Quer que eu venda bolsa pra comprar mais dólar ?" 
"Com todo o prazer, meu caro governo brasileiro !" 
"Terei o maior prazer de sair da Petrobrás que o senhor destrói pra tentar controlar a inflação, quando deveria controlá-la de uma outra forma..........que tal diminuir gastos públicos ?"
"Saio do que o senhor quiser....."

"Vou partir  pra cima do dólar........lá frente recupero o dólar e ainda me sobram taxa de juros altas...."

"Ah....detalhe..........se o senhor , governo brasileiro , continuar gastando mal, nem volto pras taxas, pois não vou financiar o senhor mais."

"Vou mandar meu dinheiro pra fora"...........

E nesse caso.....mais pressão sobre o dólar......mais pressão sobre a inflação.......volta a pressionar o dólar......volta a pressionar a inflação....

Agora, a guerra acontece nas mesas de Câmbio, e nas mesas de Renda Fixa.

As mesmas mesas que já precisavam de alguma "diversão" há muito tempo....

É hora do mercado levar pro córner Dr.Mantega e Dr. Tombini.