Na coluna de hoje vou falar da esperada fusão entre as empresas de shopping center Aliansce (SA:ALSC3) e Sonae Sierra Brasil (SA:SSBR3). Finalmente, os grandes acionistas das duas empresas chegaram a um acordo. A operação combinada cria a segunda maior empresa do setor em termos de área bruta locável (ABL), com shopping centers com público mais voltado à classe média.
Numa fusão grande como essa, a grande dúvida é se vale a pena investir nas ações de Aliansce Sonae. Indo direto ao ponto: a minha resposta é positiva e pretendo explicar os meus motivos.
Empresa combinada: 68% Aliansce e 32% Sonae Sierra Brasil
A fusão vai ocorrer por meio de troca de ações, com a incorporação da Aliansce pela Sonae Sierra Brasil, com relação definida em 0,787808369 ação da Sonae Sierra Brasil (SSBR3) por ação da Aliansce (ALSC3). A participação final na empresa combinada será de 67,90% para os acionistas da Aliansce e de 32,10% para os acionistas da Sonae Sierra Brasil.
Alinhamento dos principais acionistas
A empresa terá um bloco de quatro acionistas principais: o fundo de pensão canadense CPPIB (25,6%), Renato Rique (7,5%), cofundador, presidente do conselho e presidente-executivo da Aliansce, OFO (16,6%), subsidiária do grupo de investimento alemão Otto, e a Sonae Sierra SGPS (7%), braço imobiliário da portuguesa Sonae.
A grande diferença aqui é que os principais acionistas da nova empresa (Aliance Sonae) já assinaram novo acordo de acionistas, com alinhamento de interesses. O processo de integração começou pela Diretoria Executiva: o CEO será Rafael Sales (Aliansce) e o Diretor Financeiro e de Relações com Investidores (CFO) será Carlos Correa (Sonae). O atual CEO da Sonae Sierra Brasil, José Manuel Baeta Tomás, será o novo Diretor de Integração.
Nova empresa em números
A Aliansce Sonae será a segunda maior empresa de shopping centers do Brasil, com 29 shoppings próprios e com administração de 11 shoppings de terceiros, espalhados em 12 estados brasileiros. A área bruta locável (ABL) total será de 1,2 milhão de metros quadrados (814 mil m2 de ABL própria) distribuídos por mais de 7 mil lojas com vendas totais de R$ 14,8 bilhões nos últimos 12 meses.
A receita líquida é de R$ 876 milhões, com lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de R$ 630 milhões no período.
Cinco benefícios da fusão
1) aumento de liquidez, o que deve ajudar na melhor precificação das ações da empresa combinada;
2) melhoria no poder de barganha na negociação com os lojistas, o que pode possibilitar reajuste dos aluguéis acima da inflação;
3) diversificação geográfica do portfólio de shopping centers, distribuídos em: Rio de Janeiro (21,8%) e São Paulo (26,8%), com presença em 12 estados do país do Norte ao Sul do Brasil;
4) ganhos de sinergia. Os ganhos de sinergia operacional são estimados entre R$ 55 a 70 milhões por ano, equivalente a um ganho equivalente de 6,5%/8% da receita líquida.
5) O nível de endividamento da empresa combinada vai continuar sob controle, com relação dívida líquida/EBITDA de 2,7x. O endividamento da Aliansce era de 3,0 x e o da Sonae Sierra Brasil de 2,0 x, em março de 2019.
Conclusão
Acredito que a fusão Aliansce e Sonae Sierra Brasil pode gerar valor para os acionistas e pode ser um bom investimento no longo prazo.
Entretanto, eu prefiro uma outra empresa de shopping center que tem uma relação e retorno mais favorável no momento.
Acredito que os shopping centers mais voltados ao público de alta renda (classes A e B) deverão apresentar melhor desempenho de vendas mesmas lojas, pois a economia ainda está se recuperando de forma lenta e os lojistas de shopping centers ainda estão em dificuldade.