O complexo conflito no Oriente Médio fez os preços do petróleo subirem, além de acrescentar pressão ao dólar e ao Ibovespa. É um momento conturbado internacionalmente e, para piorar, há todo um problema na relação do Governo com o Congresso Nacional que gera aquela desconfiança que serve apenas para afastar investidores. Tudo isso é ruim, mas claro, são nessas horas que surgem algumas das melhores oportunidades aos investidores.
Recentemente, a mineradora Vale (BVMF:VALE3) divulgou seu relatório de produção e vendas do primeiro trimestre do ano. A boa notícia é que tanto produção quanto vendas subiram e isso teve reflexos positivos no preço da ação da companhia. Os números apresentados foram recebidos com bons olhos pelo mercado, mas obviamente a gente não pode esquecer que a China, maior cliente da mineradora brasileira, ainda está sob um cenário de incerteza, de desaceleração do crescimento econômico, que é ruim para os negócios de uma de nossas mais importantes empresas.
A China é o principal mercado consumidor de minério de ferro e a Vale se beneficia bastante disso. É um papel que vem apanhando bastante há algum tempo, sendo negociado com valor abaixo de seus pares internacionais, mas é um ativo que eu gosto muito. Eu explico a razão. A qualidade do minério da Vale é muito superior à qualidade do minério de outros players internacionais que disputam os mesmos mercados. E isso o faz ser muito bem aceito em qualquer lugar. Havendo retomada econômica e elevação da cotação do minério, a primeira a se beneficiar será a empresa brasileira.
O próprio fato de suas ações serem negociadas a um preço abaixo do que seria justo é motivo para os investidores manterem os papéis da companhia no radar. Principalmente por conta dos relatórios divulgados, que mostram que a situação é boa mesmo neste momento de incerteza. Claro, a China é um mistério, pois as coisas por lá não estão evoluindo no patamar que gostaríamos, mas eu acredito que ao menor sinal de melhora, não só do gigante asiático, mas em termos globais também, a Vale levará vantagem e quem estiver exposto a este papel se dará muito bem.
Falando de outro setor, o mesmo não podemos dizer do varejo. Não bastasse o que aconteceu com a Americanas (BVMF:AMER3) no ano passado, o pedido de recuperação extrajudicial protocolado pelo Grupo Casas Bahia (BVMF:BHIA3) no final de abril caiu como uma bomba no mercado. Na verdade, de imediato houve uma reação positiva a ponto de as ações se valorizarem 34,19% no pregão do dia 29 de abril. Mas a questão é que se trata de mais uma empresa do segmento de varejo a passar por dificuldades.
O varejo parecia estar se recuperando em 2019, mas aí veio a pandemia e mudou tudo. Houve aceleração do processo de digitalização do comércio e novos concorrentes, principalmente chineses, ganharam muita força por aqui. Resultado, por conta da quarentena – necessária naquele momento – as lojas físicas não vendiam e as empresas nacionais ainda não estavam fortes o suficiente para vender online. Os chineses, ao contrário, já eram mestres nesse canal de comercialização e tomaram boa parte do mercado. Não só chineses, mas principalmente eles.
Soma-se a este problema o aumento da taxa de juros que tornou caro a tomada de crédito. E como sabemos, o brasileiro, por conta da baixa renda compra muito a crédito, parou de comprar. Até porque muitos ficaram inadimplentes e nem ao menos tinham crédito. Agora, as gigantes brasileiras do varejo penam para se recuperar enquanto empresas de fora crescem pela via digital. Com essa situação fica difícil recomendar papéis do setor.
Mas nada impede que o investidor mais ousado arrisque. Usando o Grupo Casas Bahia como exemplo, sabemos que se trata de uma companhia forte, tradicional e que tem – pelo menos é o que parece – um bom plano para se recuperar. Aí cai naquela de que o preço da ação está baixo, portanto, se começar a valorizar vai se dar bem quem acreditou. A oportunidade de preço, porém, é neste momento o único chamariz, pois os demais indicadores, sejam internos ou externos, estão dizendo que é preciso ter cautela.
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