A Vale (BVMF:VALE3), uma das maiores mineradoras e exportadoras de minério de ferro do mundo, não passa por um bom momento este ano, pelo menos no que diz respeito à negociação de seus papéis na Bolsa de Valores. Durante o mês de julho, até o dia 22, a companhia acumulava queda de 2,04% e no acumulado do ano, baixa de 17,52%. Houve épocas que investir na mineradora era praticamente garantia de lucro, mas atualmente é preciso ter paciência e uma estratégia de longo prazo.
Não que a empresa esteja mal em seus fundamentos. A Vale é uma empresa sólida. Acontece que ela sente os efeitos da crise na China, país que há anos é o maior comprador deste tipo de matéria-prima, mas que vem reduzindo sua atividade econômica gradualmente. Vamos lembrar que anos atrás o país asiático registrava crescimento na casa dos 10% ao ano. Atualmente essa elevação está em torno dos 5%, ainda alta, mas não excepcional como antigamente.
Não por acaso, na segunda-feira, dia 22 de julho, a notícia era de que o contrato de referência de agosto do minério de ferro na Bolsa de Cingapura caiu 0.83%, para US$ 103,65. Já o contrato negociado na Bolsa de Dailan, da China, referente a setembro, recuou 0,31% para 798,5 US$ 109,79. Como sabemos, pouca oferta e muita procura os preços sobem, ao contrário, muita oferta e baixa procura, os valores caem. É o que está acontecendo.
A inflação registrada na China em junho foi igual à do Brasil, 0,2%, um pouco abaixo das previsões de mercado que imaginavam alta de 0,3%. Curiosamente, por lá, a queda é ruim porque representa desaquecimento econômico. No Brasil é o contrário, inflação menor é combustível para o Banco Central reduzir juros. Tanto que, o banco central chinês tem diminuído a taxa de juros de curto prazo e taxas de empréstimos com o objetivo de estimular a economia.
Além da questão da deflação, a China, já há alguns anos, enfrenta uma forte crise imobiliária, sendo esta uma das razões para a redução do consumo de ferro e aço, e as últimas pesquisas têm mostrado que agentes do mercado e a própria população não estão muito confiantes nos rumos econômicos.
É claro que, como já dito, isto afeta em cheio o desempenho de empresas como a Vale. Talvez o setor agropecuário não precise se preocupar tanto, pois não se trata de um recuo tão grande para afetar a alimentação das pessoas. Por enquanto o que se observa é a redução dos projetos voltados para infraestrutura e habitação.
Tudo bem, então o caro leitor deve estar se perguntando: e o que eu faço? Bem, a Vale é uma gigante sólida e o minério de ferro é um produto essencial. O recuo na demanda é momentâneo e em breve as coisas devem voltar ao normal. Para o investidor tradicional, a dica é aproveitar a baixa para comprar ações da mineradora visando o longo prazo. Quando analisamos o histórico diário da Vale na B3 (BVMF:B3SA3) percebemos claramente que os dias de baixa têm sido mais frequentes que os de alta.
Porém, isso não deve durar e comprar agora – ou esperar mais alguns dias para ela ficar ainda mais barata – é uma boa estratégia para quem olha lá na frente e não para quem tem interesse de lucro rápido. Lembre-se que o preço da ação está caindo, mas a Vale é uma boa pagadora de dividendos e isso compensa o risco. Caso a ansiedade fale mais alto, o que não deveria acontecer, a Vale pode gerar oportunidades para quem faz day trade, pois é quem ganha com o sobe e desce diário. Então é isso, curtíssimo prazo ou longo prazo para quem quer se dar bem.