Reinvestimento?
Uma das perguntas mais frequentes que recebemos sobre dividendos é: reinvestir os proventos que recebo nas mesmas ações ou não?
Você pode se ver tentado a usar sua renda extra com dividendos em outra coisa. Seja para realizar novos investimentos, usar em gastos correntes ou consumo de bens pessoais. O céu é o limite nessas horas...
No entanto, venho hoje falar um pouco sobre a atratividade da estratégia de reinvestimentos e como ela pode lhe trazer benefícios com o passar do tempo.
Isso acontece basicamente pelo seguinte motivo: a cada vez que reinvestimos os proventos que temos em mais ações; e quanto mais ações, mais pagamentos receberemos nas distribuições subsequentes.
É um efeito cumulativo que pode se traduzir em rentabilidade adicional além da valorização das ações.
Vamos lá?!
Cabeça de longo prazo
Antes de começar, preciso mencionar um ponto muito importante.
Os efeitos do reinvestimento de proventos recebidos podem gerar ganhos mais expressivos somente no longo prazo. No curto prazo pode parecer imperceptível a diferença de resultado entre fazê-lo ou não.
Aliás, não é de se surpreender que muitos investidores iniciantes pensem que investir em dividendo não faz sentido. Pois, ao receber os valores, a cotação da ação é ajustada para baixo. Para alguém desatento, parece que ficou no zero a zero...
De uma forma comparativa bem grosseira, é como se estivéssemos falando da diferença de efeito de juros simples versus juros compostos ao longo do tempo.
No curto prazo, as curvas ficam bem coladas com uma diferença cada vez mais notável ao longo do tempo.
Por isso, não crie expectativas nem gere ansiedade para obter retorno no curto prazo.
Elas são suas inimigas e não vão te levar a lugar algum.
Ao adotar a estratégia de reinvestimentos, você deve seguir à risca a disciplina operacional de realizar aportes periódicos.
É como ficar parado vendo a grama crescer. Lembramos muito dessa analogia quando o assunto é dividendos.
Agora vamos ao que importa.
Na prática
Vamos considerar a distribuição de proventos por ação em reais, dos últimos 4 anos, de uma das nossas favoritas do setor elétrico que está no Nord Dividendos.
Note que há uma certa constância do pagamento de proventos da companhia (dividendos e juros sobre capital próprio). Contudo, nem sempre as companhias são tão previsíveis como um reloginho suíço, podendo variar o seu cronograma de distribuição.
Isto posto, proponho um breve exercício.
- Investimento de 100 mil reais no ativo mencionado, pagando o valor de 16,75 por ação em 30/12/2015, o que representa um total de 5.970 ações adquiridas;
- Reinvestimento total dos proventos a cada nova distribuição.
Como resultado, é possível ver o número de ações crescendo da seguinte maneira:
Sim, é um aumento de posição sem considerar dinheiro novo. É dividendo recebido se transformando em novas ações.
Agora vamos mostrar qual o efeito da pessoa que reinvestiu versus a pessoa que não reinvestiu ao longo do mesmo período.
O resultado foi um ganho total de 108 por cento ao longo de quatro anos para quem reaplicou os dividendos. O que equivale a dizer que a rentabilidade foi de 20 por cento ao ano.
Caso o reinvestimento não fosse realizado, o resultado seria de 82 por cento no período (16 por cento ao ano).
Ficou clara essa diferença?
Obviamente, a base de comparação é a mesma nas duas situações. Porém, o primeiro resultado que mencionei considera o reinvestimento dos proventos em novas ações e a valorização das mesmas ao longo do tempo.
Já a segunda considera apenas a valorização das ações, dado que o número de ações permaneceu constante ao longo do tempo. Nela, o capital recebido com a distribuição foi usado para qualquer outra finalidade.
Nord Dividendos
Usamos um exemplo com uma janela de quatro anos. Mas o efeito pode se tornar cada vez maior ao longo do tempo.
Então a resposta à pergunta inicial é: sim. Existindo afinidade, o reinvestimento de dividendos pode trazer uma rentabilidade interessante no longo prazo.
A atratividade existe, mas cabe a você decidir se é a melhor estratégia para o seu perfil de investimentos, principalmente ao considerar a exposição desejada em ativos de renda variável.
Forte Abraço.