O seguro morreu de velho
Vamos começar do fim.
Vamos (SA:VAMO3) é um ótimo negócio. O problema está na governança.
Alugar caminhões é um negócio tão bom quanto alugar carros - talvez até melhor.
A escala traz as mesmas vantagens competitivas: reduz custo de capital e de compra de caminhões.
Vamos gera caixa, não precisa de muito capital para crescer e está em um segmento altamente pulverizado.
São enormes as oportunidades de crescimento.
Ainda assim, com muito pesar, ficarei de fora do IPO de VAMO3.
Gato escaldado tem medo de água fria
Vamos é o terceiro IPO de JSL.
Imaginamos que a companhia tenha aprendido algo - MUITO - nessa jornada.
Mesmo assim, JSL pretende vender 43 por cento da Vamos – seu melhor negócio.
E algo em torno de metade desses recursos não vão para a Vamos, mas para o caixa da JSL.
Algo parece estranho. Algo parece fora de lugar.
Vamos aos fatos.
Quando a esmola é demais, o santo desconfia
JSL ((SA:JSLG3), transportadora), controladora de Vamos e de Movida ((SA:MOVI3), locadora de carros) é um negócio ruim.
Mesmo assim, JSL conseguiu abrir seu próprio capital, o de Movida e, agora, tenta seu terceiro IPO.
JSL virou uma plataforma de criação de empresas listadas. Praticamente uma incubadora de negócios não-tecnológicos.
E Vamos parece ser um negócio ainda melhor que Movida - menos dependente de capital e com competição menor.
Mas JSL vendeu só 30 por cento de Movida e venderá 43 por cento de Vamos.
Por que vender um negócio tão bom que não depende de capital?
Antes só do que mal acompanhado
JSL é um negócio difícil.
É uma transportadora old school – vende frete, o que eles chamam de “logística integrada”.
JSLG3 fez seu IPO em 2010 e só recentemente, com a ajuda de Movida, conseguiu vencer o vento contra.
JSL tem o mérito de criar, dentro de sua estrutura, negócios muito melhores e muito mais fáceis do que ela própria.
O que nos leva à pergunta mais óbvia: se Movida e Vamos são melhores negócios, por que não vender JSL e ficar com as locadoras?
Por quê? Por quê?
Filho de peixe, peixinho é
Vamos é uma companhia de aluguel de caminhões (8,8 mil unidades), máquinas agrícolas (2,1 mil unidades) e equipamentos.
Caminhões alugados representam apenas 0,8 por cento do mercado.
São 16 por cento nos EUA, uma enorme oportunidade de crescimento.
Os contratos são de longo prazo (5 anos) e os resultados são muito pouco dependentes do preço de venda do caminhão.
Uma greve dos caminhoneiros poderia ser até positiva para a Companhia – clientes buscariam custo mais baixo.
Abaixo temos a Vamos:
Fonte: Vamos
Os números são maravilhosos.
Tudo na mais perfeita ordem. Crescimento ótimo, rentabilidade espetacular, dívida reduzida, margens excepcionais.
Por que vender algo tão bom?
Diz-me com quem andas e eu te direi quem és
Este é o grupo de empresas da JSL:
Fonte: Nord Research
Fizemos uma continha de padaria.
Hoje, JSL possui 70 por cento de Movida e 100 por cento de Vamos.
Com apenas 34 por cento da receita, Vamos e Movida representam 48 por cento do Ebitda e 174 por cento dos lucros do grupo.
Faz sentido vender as locadoras e ficar com a “logística integrada”?
O Investidor de Valor faria exatamente o contrário.
Acompanhe muito mais no Twitter: @BruceBarbosa88, no FB: BruceBarbosaOficial e LinkedIn: BruceBarbosaOficial