Durante as últimas semanas uma certa apreensão tem tomado conta do mercado. No ano, o Ibovespa já amarga uma queda de mais de 10%. Vi um post nas redes sociais brincar que aos 115 mil pontos tudo estava no preço. Depois, aos 110 mil. Hoje, aos 102 mil não dá para ter tanta certeza. Porém, o que nem todos sabem é que, em geral, o nosso índice costuma pregar peças e fazer ralis nos meses finais do ano.
Antes de iniciar, porém, vale uma breve explicação sobre o que é o chamado rali. Nada mais é do que um aumento acentuado na cotação de um ativo seguido de um período de baixa ou estagnação nos preços.
Longe de ser uma ciência exata, como eu disse, a bolsa de valores brasileira costuma apresentar uma boa performance nos últimos trimestres. De acordo com um levantamento feito pela própria Monte Bravo, na década passada, cerca de 70% dos três meses finais de cada ano foram positivos para o Ibovespa.
Contudo, em um cenário de quebra de Teto de Gastos, inflação em alta, novas ameaças de lockdown pelo mundo, somado ao ano pré-eleitoral, fica difícil saber em qual momento o investidor deve fazer novos aportes. É preciso lembrar que os riscos estão aí e fazem parte do jogo. Contudo, é possível se resguardar adotando alguns processos antes de investir.
Em um momento de forte volatilidade, escolher ativos de boas empresas a preços descontados é um bom caminho. É claro que os desafios são grandes, mas existem negócios que mesmo com a crise vão bem, obrigado.
Por não ser analista, não posso dar recomendações de papéis específicos, mas setores como o financeiro, aéreo e até o varejista, que têm sofrido recentemente, guardam boas oportunidades.
Olhar indicadores como P/L, P/VPA, ROE, Margem Líquida e Dividend Yeld podem dar bons indicativos para o investidor. Além disso, existem conteúdos que ensinam a comparar as empresas de um mesmo segmento de atuação e, aqui, vale atenção porque esta é uma dica importante! Se o lucro das companhias for semelhante, em tese, os preços das ações também deveriam ser, mas nem sempre é o que acontece. E é neste tipo de distorção que é possível fazer boas escolhas.
Mas, há motivos para acreditarmos em um rali efetivamente?
Existem alguns drivers que podem fazer a diferença neste fim de ano. O pagamento do 13° salário é um deles, seguido do Dia das Crianças, Black Friday, Natal e Réveillon. Estas datas têm, por tradição, aumentar as vendas e os níveis de emprego.
Além disso, vale lembrar que, ainda que subjetiva, a ansiedade das pessoas em consumir e voltar “ao normal” é forte, o que gera, de certa forma, uma demanda reprimida.
Por outro lado, outros pontos pesam contra uma retomada do Ibovespa neste fim de ano. Com a elevação da taxa de juros pelo Banco Central, o crédito tem ficado mais caro e isto afeta a retomada de diversos setores. Ao mesmo tempo, temos uma inflação que insiste em permanecer elevada, população altamente endividada e cenário econômico/político conturbados.
Por fim, segundo relatório da XP (NASDAQ:XP) (SA:XPBR31), o índice Ibovespa continua barato, mas quando retiradas as companhias ligadas a commodities, não parece estar tão descontado assim. A dica? Continue em busca de boas empresas. Alguns gestores gostam de “garimpar” ativos que sejam capazes de resistir a todos os problemas pelos quais o Brasil tem passado. Pense nisso!