Panorama Semanal de 25 a 29 de janeiro*
O mundo ultrapassou a marca de 100 milhões de casos de Covid-19, com 2 milhões de mortes, e, apesar das vacinas já disponíveis, as polêmicas se mostram cada vez mais intensas. São debates a respeito de variantes do vírus, cronograma de imunização, adiamento de segunda dose, importação e exportação das doses, vacinação por empresas particulares e restrição a viajantes, entre outras. As notícias ganham destaque a nível global e também em território nacional, com forte politização por aqui.
VACINAÇÃO
A União Europeia (UE) entrou em conflito com o laboratório AstraZeneca, devido ao atraso no fornecimento das vacinas para o bloco. Segundo representantes da UE, as vacinas estariam sendo direcionadas ao Reino Unido. O bloco sugeriu que os países restrinjam as viagens, para frear a entrada de novas variantes do coronavírus, com reforço de testes e quarentenas. A UE contabiliza mais de 400 mil mortes por Covid-19.
Nos Estados Unidos, o governo quer aumentar a oferta de vacinas, com doses suficientes para vacinar a população até setembro. O número de mortes por Covid-19 supera 400 mil. Alguns estados estão retirando restrições e amplia-se o debate acerca da eficácia de uma ou duas doses.
A Moderna e o consórcio Pfizer/BioNTech informaram que suas vacinas oferecem uma proteção menor contra as variantes de Covid-19, que são mais transmissíveis. Alguns especialistas afirmam que podem ser também mais letais e causarem efeitos mais graves. Os laboratórios vêm trabalhando em atualizações das suas vacinas.
Na Itália, foi notícia a renúncia do primeiro-ministro Giuseppe Conte, em meio a um ainda sério quadro de disseminação do vírus.
VACINAÇÃO NO BRASIL
No Brasil, enquanto as cidades vacinam grupos prioritários, segue o nó da importação dos insumos. A China liberou o envio de 5,4 mil litros de insumos para o Butantan, que produz a CoronaVac. O material servirá para fazer 5 milhões de doses. Já a Fiocruz receberá no dia 8 os insumos para produzir 7,5 milhões de doses da vacina da AstraZeneca, em parceria com Oxford.
Empresas privadas buscam autorização para a compra de doses, parte para doar ao SUS e parte para imunizar funcionários. Clínicas privadas também teriam acordos para importar. A AstraZeneca informou não ter vacinas para vender a empresas privadas, assim como a Pfizer. A ideia teria a concordância do presidente Jair Bolsonaro.
Em paralelo, o Instituto Butantan quer a confirmação de compra pelo governo federal de 54 milhões de doses, além das já adquiridas. Caso isso não ocorra, chegou a ser aventada a hipótese de exportar a países vizinhos. O mais provável, no entanto, caso não seja confirmada a compra pelo governo federal, é que haja venda direta aos estados e municípios. Essa queda-de-braço se dá no contexto da oposição Doria-Bolsonaro.
O governo de São Paulo sugeriu adiar a segunda dose da CoronaVac para imunizar mais pessoas neste primeiro momento, mas o Ministério da Saúde mantém a obrigatoriedade de duas doses.
PANDEMIA E POLÍTICA
A situação caótica de Manaus, com desabastecimento de oxigênio, levantou novos movimentos e pedidos de impeachment do presidente Bolsonaro por negligência na pandemia de Covid-19. O foco também é no ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, alvo de inquérito no Supremo, a pedido da Procuradoria-Geral da República. E o TCU considerou que o uso de dinheiro do SUS, pelo Ministério da Saúde, para fornecer cloroquina, foi ilegal.
Em outra frente, o Ministério Público do Amazonas pediu a prisão e o afastamento do prefeito de Manaus, David Almeida, por favorecimento no processo de imunização na cidade.
Preocupa bastante a variante do coronavírus oriunda do Amazonas, que é mais transmissível. Casos foram registrados em São Paulo. Há receio de que pacientes transferidos de Manaus para outros estados, por causa da falta de oxigênio na capital amazonenese, também causem o espalhamento da nova cepa pelo país, agravando a pandemia.
AUXILIO EMERGENCIAL
Nos desdobramentos econômicos, o Ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o auxílio emergencial pode voltar, desde que seja possível “travar o resto todo” do orçamento. Uma proposta seria reduzir a quantidade de beneficiários, com um benefício de R$ 200 por três meses. Esses recursos estariam fora do teto de gastos da União, em uma proposta que envolve negociação com o Congresso e mudanças na PEC Emergencial.
O presidente Bolsonaro, no entanto, descartou a volta do auxílio emergencial. Segundo ele, a medida, se for aprovada, “vai quebrar o Brasil”. Bolsonaro disse que vai manter o teto dos gastos, e falou em acelerar as privatizações em 2021. No início da semana, a renúncia do presidente da Elerobras, Ferreira Júnior, levantou dúvidas a respeito da privatização da estatal.
GASTOS DO GOVERNO
A polêmica da semana foi a compra de leite condensado pelo Executivo federal, com a divulgação de dados sobre gastos com alimentos. No total, foram R$ 1,8 bilhão, com destaque no noticiário para itens como chicletes (R$ 2,2 milhões), barras de cereal (R$ 13 milhões), bombons (R$ 8,8 milhões) e, claro, o leite condensado (R$ 15,6 milhões).
Houve distorção no modo como os dados foram divulgados e usados nas redes sociais. Em encontro com sertanejos, o presidente Bolsonoro, citou o episódio, comparou os números com os do governo da ex-presidente Dilma Rousseff, defendeu-se e atacou a imprensa. O Ministério Público pediu ao TCU que apure os gastos com a alimentação do governo federal no ano passado.
ECONOMIA
Entre os indicadores macroeconômicos, destaque para a taxa de desemprego, que ficou em 14,1%, de acordo com o IBGE.
E, frente a uma possível greve dos caminhoneiros marcada para o próximo dia 1/2, Bolsonaro fez um apelo à categoria para que não pare, acenando com a possibilidade de zerar impostos para baratear o óleo diesel.
Nos EUA, a economia se retraiu 3,5% em 2020, no pior percentual desde a Segunda Guerra Mundial. No último trimestre do ano passado, o país cresceu 4%, em linha com as expectativas.
FED
O FED, banco central americano, manteve a taxa de juros do país entre 0% e 0,25%, indicando uma recuperação econômica moderada e confirmando que vai apoiar a economia durante a pandemia.
MEDIDAS DE BIDEN E IMPEACHMENT DE TRUMP
O presidente Joe Biden revogou medidas de Trump na área da saúde, ampliando o acesso à população ao sistema. Biden também assinou atos para dobrar a produção de energia renovável até 2030, além de determinar uma revisão rigorosa no setor de petróleo e gás natural. E anunciou uma Cúpula do Clima para abril.
No Senado, os representantes aceitaram a continuidade do processo de impeachment contra o ex-presidente Donald Trump, pelo envolvimento no caso da invasão do Capitólio. A contagem inicial dos votos indica que ele deve escapar desse processo, que poderia torná-lo inelegível e sem as prerrogativas que têm os ex-presidentes.
No pregão desta quinta-feira, marcado pelo caso GameStop, o Ibovespa reagiu às boas notícias corporativas nos mercados lá fora e registrou alta de 2,59%, encerrando os negócios do dia em 118.883 pontos. O dólar subiu 0,53%, cotado a R$ 5,435.
Obrigada, bom fim de semana e até o próximo Panorama Semanal.