Finalmente, começou a vacinação contra a Covid-19 no Brasil. O início da imunização, ainda que conturbado e politizado, e a posse do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, foram as principais notícias da semana.
VACINAÇÃO NO BRASIL
Logo depois que a Anvisa anunciou, no domingo, dia 17, a autorização das vacinas, o governo de São Paulo fez a primeira aplicação da CoronaVac. O governador João Doria estava presente quando a enfermeira Mônica Calazans recebeu a dose. Doria criticou fortemente o presidente Jair Bolsonaro e o posicionamento do governo no combate à pandemia, afirmando que a CoronaVac só está no país devido ao “investimento do governo de estado de São Paulo”, sem qualquer verba federal. Na ocasião, diretores da Anvisa afirmaram que não existe “tratamento precoce” ou remédios comprovados.
No dia seguinte, vários estados iniciaram a vacinação, ainda que simbolicamente, antes do programado pelo governo federal, que queria fazer um evento simultâneo.
A LOGÍSTICA DA VACINA
Os processos de logística para os estados, a produção local e a importação de matérias-primas e das vacinas – de China e Índia – estão conturbados e envolvem questões burocráticas e diplomáticas. Quanto ao cumprimento do cronograma, já há casos e denúncias de “fura-filas” e desrespeito às prioridades em vários locais. O Ministério Público está apurando.
Para produzir a CoronaVac, o Butantan usa insumos que dependem de autorização do governo chinês, cuja relação com o governo federal é delicada. A Fundação Oswaldo Cruz, que produz a vacina de Oxford/AstraZeneca, importa da Índia – de onde deve chegar, com atraso na liberação e também após tensa negociação, um carregamento nesta sexta-feira. Com demora no abastecimento e problemas com o cronograma, a imunização completa da população está sendo projetada apenas para o início de 2022.
Em mais uma opção de vacina, representantes do laboratório União Química insistem na autorização da russa Sputnik V com a Anvisa. O imunizante foi rejeitado recentemente por falta de estudos da fase 3.
NOVA VARIANTE DO VÍRUS E RESTRIÇÕES
Com o agravamento da pandemia, São Paulo ampliou as restrições e o isolamento. Em Manaus, além do drama do oxigênio, a vacinação foi suspensa por irregularidades.
Sobre a variante do vírus encontrada no Brasil, o Centro de Prevenção e Controle de Doenças Europeu, da União Europeia, alertou que essa mutação, assim como a do Reino Unido e a da África do Sul, são de alto risco, devido à velocidade de propagação.
IMPEACHMENT DE BOLSONARO
A demora no início da vacinação e as discussões sobre a eficácia da imunização causaram desgaste político ao presidente Bolsonaro. Em meio a tudo isso, em uma afirmação polêmica, Bolsonaro disse que quem decide se o povo vai viver uma democracia ou uma ditadura são as suas Forças Armadas. Nesse contexto, movimentos pró-impeachment ganharam força, com pressões para que a Procuradoria Geral da República investigue o presidente.
O procurador-geral, Augusto Aras, disse, no entanto, por meio de nota polêmica, que o “agravamento da crise sanitária” poderia justificar a declaração de Estado de Defesa, instrumento que amplia os poderes do presidente. Ele afirmou ainda que o papel de investigar crimes do presidente é do Poder Legislativo.
POSSE DE JOE BIDEN
Nos EUA, com um discurso de união e de prevalência da democracia, tomaram posse no governo o 46º presidente americano, Joe Biden, e sua vice Kamala Harris. Aos 78 anos, Biden é o mais velho presidente da história do país.
Trump não compareceu à cerimônia de posse, em uma Washington DC tomada por policiamento. Pela primeira vez, o líder republicano Mitch McConnell acusou Trump de ter responsabilidade na invasão do Capitólio. Os republicanos tentam adiar o processo de impeachment no Senado.
Em seu primeiro dia como presidente dos EUA, Biden assinou 17 atos que desfazem decisões de Trump, entre as quais a volta ao Acordo de Paris para o Clima e à Organização Mundial de Saúde (OMS), e o fim da construção do muro na fronteira com o México. Em meio a um rol de crises, Biden também mostrou que pretende acelerar o combate à Covid-19, com uma estratégia de produção de vacinas, tornando o uso de máscara obrigatório em propriedades federais e mais restrições nos transportes, por exemplo.
O presidente Bolsonaro enviou uma carta ao novo presidente do EUA, destacando um “excelente futuro” na parceria entre os países.
TAXA SELIC MANTIDA
Na economia nacional, o Banco Central manteve a taxa básica de juros, Selic, em 2% ao ano. Mas o Copom, Comitê de Política Monetária, retirou do comunicado oficial o compromisso de não aumentar as taxas de juros, um instrumento chamado de “forward guidance” Assim, abre-se a possibilidade de um aumento de juros no médio prazo, em caso de pressão inflacionária contínua, por exemplo.
IBC-BR E TETO DE GASTOS
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que é uma prévia do PIB, teve alta de 0,59% em novembro.
Sobre o auxílio emergencial, repercutiram as declarações dos candidatos às presidências do Senado (Rodrigo Pacheco) e da Câmara (Arthur Lira), apoiados por Bolsonaro, indicando uma possível volta do benefício, o que gerou preocupações fiscais.
ELEIÇÕES NO CONGRESSO
A Câmara dos Deputados terá eleição presencial para escolher sua Mesa Diretora no dia 1º de fevereiro. As eleições no Senado também serão no dia 1º.
ECONOMIA GLOBAL
No cenário econômico global, destaque para a China, cuja economia cresceu 2,3% em 2020, com alta de 6,5% no último trimestre do ano, acima das projeções.
O número dos pedidos de auxílio desemprego nos EUA também mexeu com os indicadores de mercado. Foram 900 mil pedidos na semana, número menor que o registrado na semana anterior, mas ainda elevado.
Na Europa, o Banco Central Europeu manteve a taxa de juros, conforme o esperado. O BCE alertou para os efeitos da pandemia na economia do continente.
No pregão desta quinta-feira, o dólar fechou em alta de 0,95%, cotado a R$ 5,36. O Ibovespa fechou em queda de 1,10%, em 118.328 pontos.
Obrigada, bom fim de semana e até o próximo Panorama Semanal.