Com o dólar volta e meia buscando R$ 5,50, ou mais, Campos Neto nega a defesa de um patamar especifico no câmbio, afirmando que o BC só intervém no mercado quando identifica a existência de disfuncionalidades. Nessa semana o câmbio ainda pode ser influenciado na sexta-feira pelos dados das transações correntes de setembro e pelas dúvidas sobre as políticas monetárias do Fed e do BCE.
O Banco central não tem medido esforços para atuar no câmbio, mas não tem sido fácil brigar contra as forças do mercado e ruídos domésticos que depreciam o real. O tapering, que antecipa mudanças no fluxo dos emergentes, também deprecia o real.
Ontem, leilões de swap às 9h30, às 10h30 e às 11h30 não conseguiram segurar o dólar abaixo de R$ 5,50. A moeda americana fechou o dia cotada a R$ 5,521 para venda em meio a riscos fiscais e inflação global.
Ontem pela manhã dados mais fracos do PIB da China, maior parceiro comercial do Brasil, elevaram preocupações acerca da retomada econômica global, ajudando a dar força ao dólar. A crise energética na economia chinesa provavelmente manterá o apetite por risco limitado e a volatilidade em foco.
Diante da normalização das políticas monetárias nas economias avançadas, devemos nos preocupar com um aperto das condições financeiras nos emergentes.
O Fed já admitiu que o anúncio do tapering não significa elevar juros automaticamente. Mas os investidores já se movimentam neste sentido.
Amanhã livro bege, é um relatório sobre as atuais condições econômicas em cada um dos 12 distritos do Reserva Federal, cobrindo todo o território dos EUA. Oferece uma visão da evolução econômica e dos desafios dos EUA. É apresentado 8 vezes por ano, duas semanas antes de cada reunião do FOMC.
Aqui no Brasil o mercado, apesar de não concordar com o “calote”, aceita o parcelamento dos precatórios para manter a regra do teto. O problema é se o governo driblar a Lei de Responsabilidade Fiscal. No final do mês, termina a última rodada do auxilio emergencial e, na falta de recursos para bancar o Auxilio Brasil, existem várias opções, dentre elas a menos pior seria desistir do auxilio e reajustar o Bolsa Família pela inflação, completando o benefício de R$ 300,00 com um auxilio temporário de dois anos, que não exige fonte de compensação pela LRF.
Vamos aguardar para ver se a PEC dos precatórios terá no Senado o mesmo apoio que na Câmara. O teto para pagamento dos precatórios dá uma folga de R$ 60 bilhões no Orçamento. Sem a PEC, a folga se reduz a R$ 34,7 bilhões.
O IPC-S desacelerou a 1,29% no período que compreende as últimas quatro semanas. No acumulado de um ano, a alta supera os dois dígitos e está em 10,29%. O número confirma a tendência de recuo da inflação no mês de outubro.
Hoje por aqui teremos IGPM e IPC-Fipe. Nos EUA, a produção industrial de setembro.
Aqui o dólar continua subindo bem mais do que as outras divisas emergentes ligadas a commodities no exterior. Essa alta demonstra um sentimento de aversão a risco com o Brasil, porque há movimento de desmonte de posições cambiais vendidas no mercado futuro e saída pontual de investidores estrangeiros do país, além de demanda de bancos para overhedge. A inflação alta, eleições 2022 e o risco fiscal estão assustando.