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O Dólar Voltará a Atrair Compradores em Agosto?

Publicado 03.08.2020, 10:49
Atualizado 09.07.2023, 07:31
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O mês de julho foi bastante difícil para o dólar. A moeda americana se desvalorizou bastante contra todas as principais moedas, atingindo as mínimas de vários meses ou anos. Em um mês, a divisa perdeu 6% do seu valor contra a libra esterlina, 5% contra o euro e mais de 4% contra o franco suíço e o dólar australiano.

Os investidores tinham razões de sobra para abandonar o greenback, como o aumento de casos de coronavírus no país, a queda dos rendimentos dos títulos do tesouro americano, a expiração dos benefícios de estímulo, as turbulências domésticas, um presidente da república imprevisível e tensões políticas com vários países ao redor do mundo, para citar alguns exemplos.

A pá de cal veio na quinta-feira, quando o presidente Donald Trump sugeriu um atraso nas eleições de 2020, o que é inconstitucional. Líderes republicanos foram rápidos em rejeitar a ideia, mas os investidores temem que o atual mandatário tentará deslegitimar o pelito de outras formas. Esse obscuro cenário político-econômico no dólar estadunidense dificulta a atração de compradores. 

Não obstante, o dólar sobrevendido se recuperou na sexta-feira, fazendo os investidores se perguntassem se poderia haver uma retomada maior neste mês. Os dados dos EUA foram mistos, já que os gastos pessoais subiram mais do que o esperado, mas a renda caiu. Mas o fato de haver uma surpresa de alta foi suficiente para levantar o dólar. Uma possível realização de lucro em moedas que se estenderam demais pode gerar mais ganhos no dólar neste mês sem relação com a demanda subjacente.

Os casos de vírus voltaram a subir em várias partes do mundo, o que gerou preocupações com o ritmo das retomadas. O crescimento estará no centro das atenções nesta semana, com o calendário econômico repleto de eventos, como dois anúncios de política monetária, três relatórios de emprego, dados de comércio na China, ISMs nos EUA, além de outros eventos capazes de movimentar o mercado.

Os investidores querem saber se a recuperação na indústria e serviços continuou nos EUA durante o mês de julho, mas o dado mais importante será a folha de pagamento não agrícola. O crescimento de empregos melhorou significativamente em junho após grandes perdas em abril, e economistas esperam que haja a continuação da recuperação em julho, mas em 2 milhões, o que marcaria uma desaceleração notável em relação ao aumento de 4,8 milhões do mês anterior.

A maioria das novas restrições em estados que registraram disparadas recentes de casos de covid-19 não foi implementada até meados de julho, portanto será interessante ver se o crescimento de empregos desacelerou antes disso. Se as recontratações continuaram em ritmo saudável, o dólar se valorizará, mas se ficarem aquém das expectativas, os investidores devem encarar com um mau presságio do que está por vir.

 O EUR/USD disparou acima de 1,19 antes da abertura de Londres na sexta-feira, mas rapidamente rejeitou esse patamar. A contração na economia da Zona do Euro no segundo trimestre foi levemente pior do que o esperado. A França e a Itália se saíram melhor do que o previsto, mas a Espanha desapontou.

Assim como nos EUA, esses números mostram a extensão dos danos da covid-19 na economia da região. Entretanto, ao contrário dos EUA, o fundo de recuperação e a relativa contenção dos casos de vírus na Europa devem conduzir a uma retomada mais vigorosa.

Além de revisões nos PMIs da Zona do Euro e dos dados de comércio da Alemanha, não há relatórios econômicos relevantes na região para esta semana, o que pode fazer com que o EUR/USD acompanhe os dados nos EUA e o apetite para o risco na moeda americana.

 Apesar de o EUR/USD ter corrigido na sexta-feira, o GBP/USD ampliou seus ganhos pelo 11º dia seguido de negociações. Essa é a mais forte sequência de ganhos para o par na última década. Existe uma resistência em 1.32, mas o nível principal a ser observado é 1.35.  

O Banco da Inglaterra tem um anúncio de política monetária nesta semana. Em sua última reunião, o comitê foi menos dovish do que o mercado esperava. Não há expectativa de mudanças significativas em suas projeções, já que a economia melhorou desde a última reunião de política monetária.

O Reserve Bank da Austrália, por outro lado, deve ser menos otimista, diante da deterioração dos dados e da alta de casos de vírus em Victoria. Apesar de o dólar neozelandês ter registrado a maior queda na sexta, o dólar australiano é a moeda mais vulnerável a uma correção nesta semana, por conta do RBA, PMIs e vendas de varejo.

A Nova Zelândia divulgará os números do mercado de trabalho do segundo trimestre. O dólar canadense foi mais resiliente, encerrando o dia estável, graças aos dados mais fortes do PIB mensal. 

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