O lucro líquido da Unidas (LCAM3 (SA:LCAM3)) subiu forte no quarto trimestre e somou 276,9 milhões de reais, avanço de +40,4 por cento ante o mesmo período de 2020.
O Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recorrente somou 722,5 milhões de reais, crescimento de +55,1 por cento em relação ao 4T20.
Observamos uma queda de -6,5 por cento na receita líquida da companhia, que atingiu 1,5 bilhão de reais, provocada por menores vendas de seminovos.
Olhando para o desempenho operacional, destaco que: (i) a companhia alugou mais carros (RAC), crescendo a receita do segmento em +49,6 por cento; (ii) no segmento de gestão e terceirização de frotas (GTF), avançou +44 por cento na sua operação por meio da oferta de diversos tipos de produtos, desde a frota leve até a frota pesada; e (iii) no segmento de seminovos, houve um recuo nas vendas de -32,2 por cento ante o quarto trimestre de 2020, o que é normal, já que a demanda continua muito forte e a empresa prefere vender menos veículos para aumentar a frota de locação.
Frotas Unidas
No meu entendimento, a LCAM segue crescendo o número de diária média e a frota de maneira significativa nos segmentos RAC e GTF. Além disso, o Spread ROIC (custo de capital por rentabilidade) indica que a locadora tem um ganho de +10,1 por cento em cima do dinheiro que pega emprestado — o que é bastante alto.
Fonte: RI 4T21 Unidas
Vale ressaltar que as locadoras não ganham dinheiro comprando e vendendo carros. Isso foi um negócio temporário, em meio a um ambiente de pandemia somado ao cenário de dólar em alta, escassez de chips na indústria automotiva e preço do aço nas alturas, o que provocou um aumento de preços, seja de carros novos, usados ou seminovos.
Com isso, as locadoras conseguiram contabilizar um ganho com a venda de carros (compraram mais barato e venderam mais caro), mas o foco do negócio é ganhar dinheiro alugando carros.
Perspectivas para o setor de locação
Dado o aumento no preço dos carros por conta da oferta limitada de veículos, o consumidor tem optado por alugar mais. Nesse sentido, as grandes locadoras como Localiza (SA:RENT3), Unidas (LCAM3) e Movida (SA:MOVI3) entram para atender à forte demanda com os seus serviços, o que reduz o impacto do déficit de carros na indústria.
Mesmo com o aumento nos custos de manutenção com o envelhecimento das frotas, as locadoras têm sido bem-sucedidas em repassar o aumento de custos em suas diárias.
Podemos ver um efeito disso quando olhamos para a receita de locação (RAC + GTF) batendo recorde no 4T21, crescendo +46,6 por cento e alcançando 959,9 milhões de reais, enquanto o número de diárias de aluguel de carros avançou +29,5 por cento.
Além disso, as novas tendências de mobilidade devem continuar beneficiando as locadoras brasileiras. Para mim, o leasing (assinatura de carro) e a economia do compartilhamento devem ser os principais vetores de crescimento desse setor.
Aproveito para reiterar nossa recomendação de Compra para LCAM3, que negocia a 9x Ebitda.
Recomendação: Comprar