A história do Pré-sal se iniciou no Brasil desde 2006, quando o governo Lula anunciou a existência de petróleo na camada pré-sal do litoral brasileiro. O governo brasileiro exultou de alegria e a propaganda política dominante foi a de que seríamos um país autossuficiente em petróleo e os royalties da campanha exploratória iriam resolver todos os nossos problemas de saúde e educação.
Porém a história tem demonstrado que as operações de extração da supracitada camada não foram tão simples quanto parecia na época da euforia. Euforia esta até explicável, pois na época, o preço do petróleo, que é a commodity mais volátil negociada atualmente, chegou a valer US$ 145,00 o barril, mas esta alta do preço no “ouro negro” não se sustentou e ao final de 2008 o barril “derreteu” para US$ 35,00. Hoje o preço se consolida na faixa de US$ 80,00 e US$ 100,00 o barril. Para que uma campanha exploratória seja economicamente viável, o preço do barril de petróleo deve estar atrativo para o investidor privado.
As estimativas eram que o pico da produção seria alcançado com aproximadamente 15 anos de operações na camada pré-sal. Hoje, cinco anos depois vemos que o mundo real não funcionou da forma como a propaganda política veiculou.
O campo de libra recentemente foi propagandeado como uma descoberta “inimaginável”, e com isso a expectativa do Governo era de que aproximadamente 40 empresas se inscrevessem para o leilão do campo de Libra. Na verdade apenas nove empresas participaram e apenas um grupo formado por quatro empresas (Shell, CNPC, CNOOC e Total) apresentou proposta.
Players do setor como Chevron, Exxon, BHP e Repsol, não se interessaram pelo campo de reservas “inimagináveis”, é interessante notar a distorção entre propaganda veiculada pelo governo e o nível de apetite dos investidores privados dispostos a competir pelo campo, até a própria PresidentA cancelou sua ida ao evento.
O leilão acabou terminando sem concorrência, sendo vencedor o único consórcio que irá explorar a área, sendo a Petrobrás a participante majoritária, com 40% do consórcio. Pareceu um leilão de brincadeira, onde não houve competição e o arremate foi pelo preço mínimo (41,65% em óleo).
No regime de partilha, diferentemente do regime de concessão, o governo tem uma participação em óleo, ficando com uma parcela da produção fixa. O consórcio paga um bônus ao governo ao assinar o contrato e, caso encontre o petróleo, será remunerado com a outra parte do óleo para cobrir seus custos e ter algum lucro. Além disso, todas as decisões de investimento serão comandadas pela Petrobrás.
Como este foi o primeiro leilão realizado pelo regime de partilha, a Petrobrás irá ter que pagar R$ 6BI ao Tesouro, referente ao bônus de assinatura. Caso a Petrobrás não tenha caixa para honrar este compromisso, a “empresa mais endividada do mundo” (segundo um relatório do Bank of America), provavelmente terá que recorrer a empréstimos ao Tesouro Nacional ou ao BNDES.
Qual critério será utilizado para definir o volume de petróleo necessário para cobrir custos de garantir algum lucro nesse regime de partilha? O que eu vejo é um ambiente muito nebuloso e incerto. Só o tempo pode nos dizer como serão as cenas dos próximos capítulos dessa novela chamada pré-sal.
Um abraço!
Diego C. Moreira