Muito pelo contrário, o segundo trimestre do ano que se inicia hoje poderá intensificar ainda mais os efeitos danosos nas economias da economia global, onde todas dependem de todas, consequentes da proliferação dos impactos na saúde da população com a continuidade do grandioso problema do vírus coronavírus, que impõe cautelares restrições de atividade.
Estamos frente a realidade de que “o que está ruim poderá ficar pior”, e isto não é ser negativista e sim realista, visto que sequer se tem ideia sobre em que fase está a crise do coronavírus, a despeito de contenção de alguns números evolutivos, mas com a crescente propagação ainda quase generalizada, ainda tendo na margem o risco da recidiva.
Por enquanto, exceção feita a OMS, mas não em caráter subordinativo, não há alinhamentos imprescindíveis dos organismos de influência e subordinantes da relação entre países, e tudo funciona na base do cada um por si num mundo que globalizado não permite que haja recuperação sustentável de qualquer dos países sem que ocorra recuperação global.
Como ressaltamos dias atrás, é absolutamente impositivo que os organismos como ONU, FMI, OCDE, G-20, OMS e assemelhados, à margem de todas as ações que vêm sendo tomadas pelos países em defesa de seus interesses, busque uma ação mais efetiva de coesão ao estilo, porém mais amplo e abrangente, ao Acordo de Bretton Woods ocorrido no pós guerra.
Afinal, é absolutamente impossível qualquer previsibilidade de superação do quadro atual da crise do coronavírus que sequer dispõe de conclusões sobre tratamento e prevenção.
Tudo leva crer que será um drama que vem tendo medidas e ações de curto prazo, mas precisa de diretrizes de longo prazo.
A China é o grande exemplo desta realidade, houve sinais de melhora da atividade industrial, mas o fato não se revela sustentável tendo em vista que o recuo da demanda dos Estados Unidos e da Europa inibe o otimismo e a dependência da economia chinesa do comércio exterior acaba neutralizando as perspectivas efetivas de melhora, visto que seu mercado interno é fragilizado.
No Brasil os “danos generalizados” nos últimos 30/45 dias foram magnânimos, e como todo fato novo que reprime liberdades tem ações reacionárias, que ocupa parcela da mídia que não se limita a informar e orientar, mas que busca propagar o caos e os confrontos ideológicos, e então há um estonteante ambiente de incertezas.
O governo, que convive com grave crise fiscal, foi liberado para gastos extraordinários e está deliberando neste sentido para ancorar demandas da população, mas há inquietações incontornáveis neste momento.
O sistema bancário teve uma série de “inputs” liberatórios por parte do governo, Ministério da Economia e BC, e está agindo no sentido de torná-los efetivos para a população.
O mercado financeiro, num ambiente de economia sem condição de construir perspectivas sequer de curtíssimo prazo, convive com o mercado acionário extremamente volátil, que registro em março o pior mês ao cair 29,9% desde 1998 quando caiu 39,55%, e com o mercado cambial debilitado em termos de fluxos, com desvalorização da moeda nacional, o real, em março em torno de 30%, provavelmente o pior desempenho entre os emergentes, mas que é penalizada pela extraordinária liquidez no mercado internacional, que está ancorada nas soberbas reservas cambiais que o país detém, e na gama de operações que a autoridade monetária dispõe e prática.
Muito provavelmente, no contexto atual o dólar deveria estar sendo cotado no Brasil no em torno de R$ 4,50, porém atinge o preço de R$ 5,20 ou pouco mais dada às circunstâncias, e não há muito adicionalmente ao que o BC vem fazendo, qual seja promover rolagem de swaps cambiais tradicionais, realizar leilões de dólares efetivos no mercado à vista e manter foco na liquidez dos bancos nas necessidades de linhas externas, com a oferta de linhas de financiamento e operações de compras compromissadas de títulos soberanos nominados em dólares em poder das instituições financeiras.
No momento não há como se estabelecer projeções e tendências, dada a ausência absoluta de fundamentos.