Conforme esperado tivemos uma eleição muito apertada, em que ninguém ousava arriscar um palpite até às 20:00hs de ontem quando o TSE começou a divulgar o resultado da apuração. Por outro lado o que todos esperavam se confirmou, a divisão do eleitorado ocorreu com uma vitória incontestável da oposição no Sul e Sudeste, porém sem votos suficientes para superar a força do Governo nas regiões Norte e Nordeste.
O Brasil sai desta eleição claramente dividido. Não há como negar que a estratégia de campanha do PT estimulou esta divisão e criou um acirramento dos ânimos do eleitorado brasileiro, no entanto o motivo maior deste fenômeno tem raízes mais profundas e está em falhas de sua política de governo.
O grosso da carga tributária brasileira esta concentrada no consumo das famílias, assim como a política econômica também esteve nos últimos anos, crescemos com base na oferta de crédito farto e no aumento do consumo de carros, eletrodomésticos, imóveis e serviços. Com a arrecadação em alta o Governo transfere boa parte destes recursos para os programas sociais, que beneficiam de forma majoritária a população do Norte e do Nordeste. Quando a economia como um todo cresce, os financiadores sentem menos o peso desta política, porém quando temos um período de crescimento fraco como o dos últimos anos, o descontentamento aflora e isto se reflete nos votos das urnas.
O grande erro do Governo Petista é promover a distribuição de renda penalizando a classe média brasileira. Os tributos sobre consumo são sentidos pelas famílias que comprometem boa parte de sua renda com supermercado, energia, aluguel, plano de saúde e a escola dos filhos, sem sobras para aplicações financeiras. Assim como sofre um pai com renda de R$10.000, que viu seu filho ter reduzida as chances de cursar uma universidade federal devido ao sistema de cotas e que também não tem acesso ao FIES por ser considerado rico pelo Governo, no entanto este mesmo pai muitas vezes compromete boa parte do seu rendimento com a prestação do financiamento da casa própria, ou outra despesa que o impede de pagar a mensalidade de R$3.500 do curso de medicina de uma faculdade particular.
Apesar de durante toda a campanha O PT se colocar contra os ricos, sua políticas pouco fizeram para aumentar a parcela de contribuição destes na redução das desigualdades. Aquele que tem recursos para custear uma escola de alto nível e tempo integral para seus filhos não sofrerá tanto com o sistema de cotas, afinal esta elite mais bem preparada continuará sendo aprovada nas universidades federais. O mesmo acontece com nosso sistema tributário que pouco incide sobre o patrimônio, renda auferida sobre o capital ou grandes fortunas. Quem vem pagando a conta é o trabalhador, o pequeno empresário e a classe média, que em sua maioria está concentrada no Sul e no Sudeste brasileiros.
A má notícia é que isto não é enxergado nem pela nossa própria imprensa, não está no debate e tende a continuar assim por ao menos mais 4 anos. A classe média continuará se sacrificando em prol da distribuição de renda e do maior volume de investimentos federais no Norte e Nordeste. E assim cada vez mais teremos os ânimos acirrados e o País claramente divido, como vimos nestas eleições