Mais uma semana com o mercado “de lado”, com 680 pontos de amplitude no Set-21 (máxima @ 139,45 e mínima @ 132,20 centavos de dólar por libra-peso).
A semana começou com o mundo aguardando a “quarta-feira D” (o dia do anúncio da decisão dos juros americanos e dos juros brasileiros). O FED manteve a taxa básica de juros entre 0-0,25% e o Banco Central do Brasil aumentou os juros em +1,50% em 2 etapas (0,75% na quarta-feira e mais 0,75% no próximo mês de maio-21). A inflação no Brasil segue elevada com o IGPM subindo +28,94% nos últimos 12 meses e o índice oficial do governo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) já atingindo +6,22% (a meta da inflação pra o Banco Central brasileiro para 2021 era de +3,40%).
Com essas medidas esperava-se uma valorização forte do R$ frente ao US$ e suporte nas cotações do café na bolsa de Nova Iorque. Infelizmente a valorização do Real frente ao US$ foi tímida (apenas +3,34% enquanto o café caiu -5,20% – uma perda aproximada de 85 R$/saca). Os juros americanos de 10 anos continuaram subindo, ultrapassando os 1,70% ao ano, fortalecendo o US$ frente as demais moedas globais e, mesmo com 3 leilões do Banco Central Brasileiro, o R$ trabalhou a semana entre 5,49-5,68 R$/US$.
Nos 3 primeiros dias da semana o Set-21 beliscou a importante resistência dos 50 dias @ 141,40 centavos de dólar por libra-peso, chegando a negociar no high da semana @ 139.45 centavos de dólar por libra-peso. O volume médio diário ficou abaixo dos 32 mil lotes negociados (na “quarta-feira D” apenas 21.500 lotes)!
Da mesma forma que tivemos notícias positivas, como por exemplo a publicação da Green Coffee Association informando a redução dos estoques em -8,3% para 5,8 milhões de sacas e a redução no ritmo das vendas por parte dos produtores da Indonésia e Vietnam (em função do feriado do Ramadan), do outro lado tivemos o relatório da Somar Metereologia informando aumento das chuvas no mês de março-21 nas principais regiões produtoras brasileiras em +104% (comparação ao mesmo período do ano passado).
Na quinta-feira o mercado “jogou a toalha”. Novamente “beliscou” os 139,25 centavos de dólar por libra-peso e fechou a sexta-feira @ 132,95 centavos de dólar por libra-peso. Novas notícias de lockdown na França, desaceleração no ritmo da vacinação na Europa, avanço descontrolado da pandemia no Brasil, e petróleo chegando a cair -9% contribuíram para essa queda.
As chuvas trouxeram alivio ao mercado e “ganharam” essa queda de braço! Os fundos seguem comprados em +34.117 lotes (reduziram a posição em apenas -1.442 lotes). O mercado começou a apostar na recuperação das lavouras para a safra 21/22. Já tem gente falando em safra acima dos 75 milhões de sacas! Outros já falando em seca para o período Set-Dez-21 em função da La Nina e uma nova quebra para a safra 21/22 também!
Vamos com calma! Um dia de cada vez! Nem começamos a colheita da safra 20-21; não atravessamos o inverno no hemisfério sul; e já tem gente apostando em um aumento para a próxima safra em +40% e outros já prevendo uma nova quebra para a safra 21-22! A bola de cristal da cigana já esta deixando o mercado agitado!
A quebra para a safra 20-21 é real, já esta precificada! Esta mesmo? Como falamos semana passada, sem efeito “geadas” estamos trabalhando entre 43-57 milhões de sacas. Como o mercado vai reagir quando os produtores afetados pela quebra de suas lavouras deixarem de performar seus contratos? E se ocorrer alguma geada, ou risco de geadas entre Maio-Julho-21? E a produção final for abaixo dos 40 milhões de sacas? E se nada disso acontecer e o período Set-Dez-21 for chuvoso? São tantos “Ses”, tantas variáveis fora do controle dos agentes do mercado, tanto risco envolvido…
Em função dessas inúmeras variáveis seguimos sugerindo a gestão de riscos ao “pé da letra” tanto para os produtores quanto para a indústria!
O Set-21 fechou @ 132,95, em cima da média móvel dos 50 dias @ 132,80 centavos de dólar por libra-peso! Rompendo esse importante suporte poderá buscar o próximo suporte @ 129,40 e @ 124,30 centavos de dólar por libra peso. Próximas resistências @ 135,40 e 141,40 centavos de dólar por libra-peso!
O Set-22 fechou @ 138,60, acima das médias móveis dos 50 e 72 dias. Próximos suportes @ 137,10/136,40/132,70 e 128,20 centavos de dólar por libra-peso! E as próximas resistências @ 140,60 e @ 144,40 centavos de dólar por libra-peso.
Para o curto prazo, para a safra 20-21, para os produtores e cooperativas com risco em suas safras/recebíveis/posições físicas/ e eventual chamada de margem, seguimos propondo a compra da “Call” strike 160 (custo aproximado de 35 r$/saca) ou da compra da “Call-Spread” fora do dinheiro strikes +160/-200 (custo aproximado de 25 R$/saca)! Sabemos que já tem muito café fixado, vendido/comprometido. Sejam prudentes e não contem com o café nos armazéns enquanto o inverno, o período do risco de geadas não tiver passado.
Para a safra 21-22 seguimos propondo a compra no Set-22 da “Put-Spread +135/-110 centavos de dólar por libra peso com um custo ao redor dos 88 R$/saca (garantindo uma remuneração mínima ao redor dos 750 R$/saca desde que o Set-22 feche acima dos 110 centavos de dólar por libra-peso) e aguardar para realizar as vendas para entrega futura e/ou a proteção através da venda das “Calls” no Set-22 strike 160/170/200 apenas durante o período do inverno! Novamente, se a geada vier, o mercado vai explodir no curto prazo e irá valorizar o Set-22. Se isso ocorrer, será uma ótima oportunidade para “rolar a Put-Spread para cima”!
Nos próximos 45-60 dias o mercado estará nas mãos dos fundos, consolidando, “2 pra lá, 2 pra cá”… e aguardando o inverno chegar!
Sejam prudentes! Cuidado com os acumuladores, as estruturas que “aparecem/desaparecem/dobram”!
Uma ótima semana a todos!