Em meio a notícias de autorização do FDA (agência reguladora de medicamentos dos Estados Unidos), para que se use plasma de pessoas curadas da Covid-19 no tratamento dos infectados, as bolsas dos EUA sobem levemente.
A cura da Covid-19, principalmente a vacina, certamente será a notícia mais comemorada pelo mercado financeiro e deverá ser a responsável por importantes movimentos de alta. Mas, tirando a Rússia, ainda estamos na terceira etapa dos testes no resto do mundo.
Enquanto isso, vários países têm que lidar com o aumento de casos após reabertura. Apesar das mortes estarem bem mais controladas, os números de novos infectados sobem em movimento de "segunda onda". Casos de pessoas pegando a doença mais de uma vez já foram reportados, inclusive no Brasil. E os exames ao redor do mundo seguem com ampla variação de resultados. Não é incomum ter que fazer mais de um tipo de teste para encontrar o seu positivo.
Por essas e outras, apenas a vacina efetiva irá realmente acabar com o medo e a preocupação das pessoas quanto à doença.
Enquanto isso, a vida segue incomum, e o ano letivo para muitas crianças foi praticamente perdido.
Mas, para nós investidores, foi um ano cheio de oportunidades e aprendizados.
Imagine passar por vários circuit breakers e sair vivo? Imagine passar por uma volta rápida em apenas 4 meses com altas agressivas de algumas ações? Teve gente que quebrou, teve gente que saiu rica.
Teve empresa que viu seu valor virar pó, teve empresa que virou "velha economia".
Por outro lado, teve empresa que virou pepita de ouro.
A Apple (NASDAQ:AAPL), por exemplo, subiu como um foguete, alcançando a incrível marca de 2 trilhões de dólares.
Para você comprar essa ação, tem que pagar o equivalente a 30 anos de lucro da empresa. É isso mesmo, nos próximos 30 anos de lucro você não vai receber nada, apenas ficará repondo o que você pagou.
Preço sobre Lucro estimado dos próximos 3 anos. Fonte: Bloomberg
Por isso que o mercado atual é um dos mais difíceis que eu já vi, e deve ser acompanhado de extrema cautela.
Por um lado, o índice da bolsa como um todo mostra que estamos próximos ao topo anterior à crise, o que não nos passa a ideia de "bolsa cara". Por outro, a economia do Brasil e do resto do mundo está arrebentada em relação ao começo do ano. Ou seja, a bolsa neste patamar não é igual a bolsa no início do ano.
Quando baixamos para analisar as ações, vemos empresas completamente esquecidas pelo mundo, baratas, e tidas como patos mancos.
Por outro lado, vemos o mercado pagando o lucro de uma vida toda por outras ações.
Isso sem contar a deterioração fiscal gigantesca com os programas de ajuda, na emissão monetária sem precedentes dos EUA, Japão e Europa, e da inflação que ainda não veio, mas pode destruir o mundo se vier.
Percebe que o mercado atual é extremamente difícil?
Só o noticiário brasileiro desse final de semana já me deu arrepios.
23:59: "Governo vai mandar reforma tributária mais enxuta para o Congresso".
00:00: "Governo diz que vai apoiar a reforma tributária completa".
23:59: "Governo vai encaminhar o programa de privatização dos Correios."
00:00: "Congresso ri de Paulo Guedes, que diz que vai mandar tudo semana que vem".
23:59: "Governo quer nova CPMF para financiar programas sociais".
00:00: "Nova CPMF não passa no Congresso."
É tão difícil achar um norte. É tão difícil se fixar em um fundamento.
Quem tem mais chances de sobreviver em um mercado como esse?
- Os investidores mais sofisticados e profissionais.
Aqueles que recebem as notícias antes de todo mundo, tem proximidade dos parlamentares, tem proximidade da diretoria das empresas, conseguem entrar rápido e sair mais rápido ainda. Acompanham 24h insanamente o mercado. Tem os melhores economistas à sua disposição e recebem dados econômicos próprios ou internos.
Ou
- Os investidores mais pacientes, que não estão pensando em curto prazo, que compraram seus investimentos a preços baratos e, portanto, tem uma ampla margem de segurança.
Se você quer ganhar dinheiro no curto prazo, tem que ser o número 1 do item 1. Ache seus contatos nas posições de poder, seus economistas, pague dados econômicos, fique 24h olhando o mercado.
Se você não consegue fazer isso, seja o número 2.
Gaste pouca energia, mas de maneira inteligente. Escolha aqueles investimentos baratos, com alto potencial de retorno e com uma boa história por trás.
Por mais que você goste de uma empresa, se pergunte se pagar 30 anos do lucro dela não é demais. Pense em hipóteses, como: e se daqui a 5 anos o mundo mudar, essa empresa ainda se sustenta? Será que ela seguirá sendo a líder em 30 anos?
Cautela nunca é demais. Não brinque com seu patrimônio. Você estudou muito, passou no vestibular, fez uma faculdade a duras penas, trabalha igual a um condenado, para chegar até aqui e brincar com o seu patrimônio como em um cassino?
Eu acho que não!
Vamos com cuidado. Vamos ganhar muito quando o mercado dá espaço. Vamos nos proteger quando os riscos pedem. E vamos seguir juntos.
Estou coordenando um projeto para ajudar nossos assinantes a montar suas carteiras, olhando para os riscos e oportunidades como um todo.
O objetivo é que todos iniciem o mês de setembro com suas carteiras preparadas. E não falo só de boas ações. Estou falando de um portfólio completo mesmo, com Caixa, Renda Fixa, Fundos, Ações, Dividendos…
Acredito que o sucesso no longo prazo está justamente na escolha da uma carteira adequada.
Pensar nos investimentos como um todo é fundamental. Ainda mais em tempos de tantas incertezas.
Um abraço e boa semana.