Em períodos de crise como a que estamos enfrentando, muito se fala em manter a posição no longo prazo, afinal, como tudo na vida, uma hora a crise passa. Mas, para que essa decisão seja eficiente, além dos números apresentados pelas empresas durante o período mais crítico da crise, entender como funciona a liderança, ou melhor, a governança corporativa da companhia, passa a ter grande relevância.
Um bom exemplo é a Petrobras (SA:PETR4), no período entre 2014 e 2015, quando foi diretamente afetada pelos escândalos de corrupção na Operação Lava Jato. As opiniões entre os investidores divergiam bastante entre manter a posição, encerrar ou comprar mais, muitas delas baseadas, inclusive, na justificativa de ser uma estatal e por isso não haveria chances de quebrar. Atualmente, a Petrobras recuperou as perdas anteriores graças às mudanças na gestão da companhia e maior independência.
No Brasil, o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) é o principal fomentador das práticas e abordagens sobre o tema no país, mas para fins práticos iremos utilizar o Índice de Governança Corporativa (IGC) da B3 para comparar com o índice de ações do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa, em períodos de crises. Vale lembrar que o IGCX é um indicador formado pelo desempenho médio das cotações dos ativos (em carteira teórica) listados no Novo Mercado (mais elevado) ou nos Níveis 1 ou 2 da B3. Para quem ficou curioso, a Petrobras está enquadrada no nível 2 da governança corporativa.
Confira abaixo um breve comparativo de performance entre os índices durante e após a crise de 2011:
Claro que resultados passados não garantem performance futura, mas fica claro que o desempenho das companhias com estruturas diferenciadas de governança corporativa tende a performar melhor, principalmente em períodos posteriores às crises, destacando a resiliência dessas empresas. Outro ponto importante a ser considerado é a maior transparência da empresa junto aos seus acionistas.
O fato é que, em tempos de crise, o nível de exigência do investidor de longo prazo deve ser ajustado, principalmente para companhias posicionadas nos setores mais afetados pela forte queda na demanda com efeito prolongado. O nível de governança corporativa não é uma garantia que a empresa ou as ações irão performar melhor, mas ajuda na formação do critério de escolha na hora de decidir se o melhor é manter a posição, encerrar ou comprar mais.