Dentro do cenário político e econômico (contas públicas) e com o compromisso com a taxa de inflação, não é possível dissociar a taxa de câmbio da taxa Selic no controle da inflação.
A taxa de câmbio e a taxa Selic são os dois principais instrumentos que dispõe o BC para tentar controlar a inflação, de modo que ela convirja para a meta de 4,5% mais ou menos 2%.
Tenho noutros artigos referido que BC e bem tem intervindo nestas duas vertentes, e que conforme os resultados dessa estratégia poderiam haver ajustes a fazer, tanto no câmbio, como na taxa Selic no curto prazo.
Como é impossível determinar qual é o câmbio que seja o mais ideal e impactante na inflação, e só se pode saber os seus efeitos no médio prazo, a curto prazo a tentativa de conter controlar a inflação tem-se demonstrado insuficiente, na última reunião do Copom o BC manteve a taxa Selic nos 14,25% sem viés, mas penso que deveria ser de viés de alta, já que se começa a especular a possibilidade de aumentar a taxa Selic já em janeiro e com outros possíveis aumentos. O valor da taxa Selic também se tem mostrado insuficiente no curto prazo para o controle da inflação. Já tinha contemplado esta possível subida como inevitável.
Não é de estranhar que o controle da taxa de cambio se está a tornar insuficiente no curto prazo e o BC seja obrigado a aumentar a taxa Selic no curto prazo, por forma a tentar fazer a inflação convergir para a meta de uma forma acentuada. Não descarto, porém, que no médio/longo prazo estas medidas, atuação na taxa de câmbio e a taxa Selic no patamar atual pudessem ser suficientes, o problema é o tempo que poderia ser necessário para o efeito e a sua eficácia, já estamos quase em 2016.
Este cenário está a meu ver dentro que seria expectável, dentro da coerência de outros artigos que escrevi, pois não há muito o que fazer por parte do BC face ao descontrole das contas públicas e a indefinição quanto ao ajuste fiscal. Não confiança no mercado e não havendo confiança o investimento se contrai. Hoje assistimos a uma alta volatilidade e baixo volume nas operações de câmbio. Os investidores estão apreensivos e receosos, e enquanto não houver motivos para uma maior confiança o mercado continuará como está, caótico, em princípio e a cotação do Dólar administrado.
Por conseguinte, para mim não há grandes novidades, está tudo dentro do expectável, perante o cenário atual, só restará ao BC continuar a administrar a taxa de câmbio, e simultaneamente aumentar a taxa Selic, já que o cenário político e económico contínua caótico e a inflação tende em não convergir para a meta em 2016.
O BC não demonstra essa minha perspectiva na última ata do COPOM, quando mantem a taxa de juros nos 14,25% sem viés e como referi anteriormente deveria ser de alta.
A continuar este cenário atual, é minha expectativa que atuação do BC na taxa de câmbio continue, ou seja a cotação do Dólar continue a ser administrado e a subida da taxa Selic seja inevitável. Vamos ver….