Tensão e aversão a risco dominaram os mercados ontem. Nesta semana reunião de política monetária aqui no Brasil e do Federal Reserve (Fed) nos EUA, além da questão do possível calote na China da empresa Evergrande (OTC:EGRNY). Mercado já está falando em uma crise como a do sub prime em escala menor. As novas alíquotas de IOF em vigor desde ontem foram muito mal recebidas no mercado devido ao seu caráter eleitoreiro, já que a arrecadação se destina a financiar o Bolsa Família. Esse recurso oriundo do IOF serve para bancar esse auxílio esse ano, mas para 2022 depende da taxação dos dividendos e da reforma do Imposto de Renda (IR), mas essas encontram forte resistência no Senado.
A pesquisa Focus do Banco Central mostrou que a estimativa para a alta do IPCA este ano disparou pela 24ª semana seguida e chegou a 8,35%, de 8,0% antes. Para 2022, o cálculo também aumentou, a 4,10%, de 4,03%. Ambos os resultados ficam bem acima do centro da meta do governo, de 3,75% para este ano e de 3,50% para o próximo, ambas com margem de tolerância de 1,5 pontos percentual para mais ou menos. Já a perspectiva para crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) este ano permaneceu em 5,04%, mas para 2022 caiu em 0,09 pontos percentuais, a 1,63%. Para o câmbio, ficou inalterada a projeção para 2021 em R$ 5,20, mas para 2022 passou de R$ 5,20 para R$ 5,23.
No Brasil, o Banco Central anuncia na quarta-feira sua decisão de política monetária, e o consenso do mercado é de que a taxa Selic será elevada em 1 ponto percentual, a 6,25% ao ano.
Após IPCA de agosto superar as estimativas e diante das tensões políticas e incertezas fiscais sobre precatório e Bolsa Família, bem capaz de o BC perder a batalha contra a inflação em 2022 também. O câmbio também puxa as expectativas para o IPCA do ano que vem.
Dólar subindo ontem devido à cautela tanto local quanto internacional, em meio a sinais de salto da inflação e arrefecimento do crescimento nas maiores economias do mundo, enquanto o risco elevado de default da incorporadora chinesa Evergrande gerava temores de impacto disseminado nos mercados financeiros.
O banco central dos Estados Unidos encerra sua reunião de dois dias na quarta-feira, e dados econômicos mistos têm embaçado as perspectivas dos investidores para o futuro do estímulo monetário na maior economia do mundo, embora a maioria espere que um anúncio de corte nas compras de títulos do Fed fique para novembro ou dezembro. Vamos ver se obtemos algum sinal sobre o tapering nesta reunião.
Na minha opinião, o fluxo antecipado pelo carry trade diante da perspectiva de Selic próxima a 10% quando finalizar o ajuste total tem sido neutralizado pela turbulência política e focos de risco de recuperação das economias mundiais. Inclusive é importante notar que a Casa Branca alertou para o fato de que se a teto da dívida por lá for superado os EUA pode viver uma recessão.
Ontem a sessão foi marcada pela cautela nos mercados globais. Hoje até podemos ter alguma realização, mas muita cautela e aversão a risco é a bandeira do momento.