O ano de 2020 se configurava como extremamente auspicioso para a economia global depois de amenizado o enfrentamento comercial sino-americano e havido sinais de avanços do Brexit, , tudo sinalizava para que as atenções passassem a focar o principal, tudo aquilo que conduz à prosperidade, e deixasse em segundo plano as coisas menos relevantes.
Mas, até agora, não tem sido assim!
O vírus surgido na China, o Coronavirus, trouxe consigo “medos e temores” extremamente desarticuladores da economia mundial, colocando todos os mercados em posição defensiva e com imediatos sinais de retração forte em quase todos os seguimentos.
Pois bem, foi instalado um clima de temeridade que vem provocando danos absolutamente incalculáveis e de forma tão abrangente que não se pode eliminar a influência maléfica neste ou naquele campo de atividade.
Exageros? Ninguém pode afirmar com convicção, embora prevalece um ambiente de opiniões conflitantes, mas o fato real é que, com maior ou menor intensidade, a postura defensiva prevalece.
É na realidade, até o momento, um enfrentamento ao desconhecido, e isto elimina as convicções e certezas e coloca a preponderância do “achismo” em quase tudo, o nível de incertezas predomina e provoca um hiato nas decisões dos investidores.
O Brasil tinha perspectiva firme de que neste ano ocorreria o incremento do fluxo de investimentos para o país, após 2019 que registrou volume dantesco de saída de capitais especulativos afugentados pela queda acentuada do juro e pelas expectativas dúbias em torno da Bolsa face à inércia da atividade econômica, registrando recorde de saída de recursos estrangeiros do país.
Mas, contrariando as expectativas houve a persistência da saída de recursos externos em grande monta no mês de janeiro da B3, mas se assistiu também o direcionamento de recursos de investidores nacionais pessoas físicas para o mercado acionário motivado pela perda de atratividade do mercado de renda fixa, fortemente abalado pela queda forte do juro.
O dólar que virou o ano mais comportado do que esperado, no em torno de R$ 4,01, não teve motivos concretos para subir forte como se viu e está se vendo, pois o fluxo cambial negativo de janeiro não atingiu US$ 400,0 Mi. Mas “culpando o cenário externo”, que já não nos remetia recursos a algum tempo, e a tese sustentada e motivadora da área econômica do BC de que num ambiente de “juro baixo devemos ter dólar alto”, oportunamente enfatizada para tentar compensar o mercado acionário com preços caros e o Brasil caro para outros investimentos e assim atrair investidores/investimentos, atingiu patamares de preço absolutamente desalinhados com a realidade brasileira.
E para tanto, contou naturalmente com a oportunista presença de especuladores de plantão no mercado futuro e que sancionaram a tese do governo do câmbio alto, sem que para tanto houvesse um motivo plausível já que o país dispõe de relevante montante de reservas cambiais.
E assim segue o mundo um dia melhor, um dia pior, crescendo a convicção de que Trump poderá ser reeleito Presidente americano para o desespero de muitos e satisfação de outros, e que a crise do Coronavirus será contornada em breve, tudo na base do achismo, e mais que já há sinais de que o Brasil não crescerá em 2020 o esperado 2,3%/2,5% e que os dantescos fluxos de capitais estrangeiros não se confirmarão na magnitude esperada, e que, o juro baixo não será motivador intenso do incremento do investimento privado.
O fato concreto é que o tempo passa rápido, e isto, não é achismo, já não se vislumbra cenário prospectivo tão alvissareiro para o Brasil como visão de um passado recente, isto é achismo, ainda não há fundamento concreto para assertivas a respeito, mas todos “acham” que já deveríamos estar melhores e uns acham que o dólar está caro demais e outros acham que nem tanto, mas ninguém sustenta o “achismo” em fundamentos.
Enfim, está claro que o mundo está precisando de mais certezas, e isto é quase impossível neste momento, por isso prevalecem os “achismos” por vezes até com grande convicção.